Ter uma boa saúde oral significa muito mais do que um sorriso bonito. É preciso que todos os elementos anatómicos que compõem a nossa boca estejam saudáveis, incluindo “os dentes, as gengivas, a língua, o palato, mas também os maxilares e os músculos mastigatórios”, começa por referir André Torres, medical advisor da Angelini Pharma Portugal. É importante lembrar também que a presença de desequilíbrios na flora oral e de doenças orais tem impacto na nossa vida, afetando o relacionamento interpessoal, a autoconfiança e até o prazer em apreciar refeições. “Manter a nossa boca saudável é, por isso, fundamental para a manutenção da nossa saúde em geral”, frisa o especialista. A presença de sinais como maior sensibilidade, dor, inflamação, desconforto e odor são, habitualmente, indicadores de que a boca não se encontra saudável e de que devemos agendar uma consulta com o médico dentista.
Os distúrbios que não pode ignorar
O sangramento das gengivas, a halitose, geralmente designada por “mau hálito”, e as feridas na cavidade oral são, de acordo com Joana Craveiro, gestora da Tantum Verde, os distúrbios mais comuns que afetam a nossa saúde oral. O sangramento das gengivas “surge, frequentemente, associado à escovagem e muitas vezes é ignorado. No entanto, este sinal pode ser um sintoma de gengivite, se for acompanhado de inchaço das gengivas”. A halitose, em muitos casos, pode ser eliminada através de uma completa higiene oral (uso de fio dentário, escovagem bem realizada e utilização de um elixir, por exemplo). Porém, “o odor desagradável pode ser um sinal indicativo de algumas doenças, como periodontite, problemas estomacais ou cáries”, alerta Joana Craveiro. Já as pequenas lesões ou aftas têm outras causas na sua origem, podendo ocorrer por trauma físico ou estar relacionadas com alterações do sistema imunitário ou hormonais”, esclarece.
Quando estes sinais e distúrbios são ignorados, há uma maior probabilidade de desenvolver doenças orais que podem comprometer a nossa saúde em geral. André Torres confirma que “determinadas afeções orais, como a doença periodontal, podem aumentar o risco de patologias, como a diabetes, a doença cardíaca ou a pneumonia”. Na boca, podem surgir “cáries dentárias, doenças periodontais (como a gengivite ou a periodontite) ou o cancro oral”.
A rotina de higiene oral ideal
A escovagem também deve seguir algumas regras para que seja eficaz. Joana Craveiro recomenda “movimentos curtos e suaves, ao longo de toda a superfície dentária — incluindo as superfícies internas, externas e de mastigação, bem como o espaço existente entre a gengiva e o dente e não esquecendo a língua —, para remover todos os resíduos alimentares”. Para uma higienização completa, “devemos ainda complementar a escovagem com o uso de fio dentário e um elixir, que deve ser escolhido de acordo com as necessidades individuais”.
Outros cuidados essenciais passam pela escolha de uma pasta de dentes com flúor e por não enxaguar a boca com água, logo após a escovagem, uma vez que esta ação pode eliminar o flúor, optando por deitar fora apenas o excesso de pasta dentífrica que permanece na boca”, recomenda André Torres.
O especialista alerta ainda para a importância de substituir a escova de dentes a cada três meses, uma vez que “uma escova antiga não garante uma correta higienização dos dentes e da boca” e para o uso do fio dentário “que deve ser utilizado, pelo menos, uma vez por dia, pois ajuda a chegar a áreas difíceis entre os dentes”.
3 erros de higiene oral que não deve cometer
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Os erros mais comuns que as pessoas cometem no dia a dia e que prejudicam a saúde oral, segundo Joana Craveiro:
1) Não lavar os dentes à noite.
Durante a noite, produzirmos menos saliva e mexemos menos a língua, e por isso, há uma menor eliminação dos resíduos de comida que ‘alimentam’ as bactérias.
2) Não utilizar fio dentário e um elixir adequado.
Estes dois passos são essenciais para uma completa higienização da boca.
3) Não visitar o dentista regularmente.
É recomendada a visita ao dentista, pelo menos, duas vezes por ano, para um correto acompanhamento da saúde oral, para eliminar a placa bacteriana bem como diagnosticar ou tratar eventuais lesões.
Prevenir é essencial para evitar complicações
As visitas regulares ao médico dentista ou a outros profissionais de saúde oral são fundamentais para garantir uma boa higiene oral. De uma forma geral, “é recomendado consultar um médico dentista ou um estomatologista com regularidade, idealmente, duas vezes por ano”, recomenda André Torres, sublinhando que “a prevenção é sempre a melhor opção”. Estas visitas regulares permitem “a identificação precoce de sinais e sintomas de afeções orais como a sensibilidade, dor, inflamação, desconforto, odor ou sangramento, o que irá permitir o seu correto tratamento, numa fase inicial”.
Na origem das afeções orais, estão vários fatores de risco, os “não modificáveis”, como “a idade, o sexo ou a hereditariedade”, que não podemos alterar, e os “modificáveis” que dependem de nós e que estão, habitualmente, relacionados com os nossos comportamentos e estilos de vida, como “o consumo de tabaco, o consumo excessivo de álcool, uma dieta rica em açúcares e uma higiene oral descuidada”, indica André Torres.
De acordo com o especialista, “a maioria dos problemas de saúde oral são evitáveis e podem ser tratados numa fase inicial”. “A adoção de bons hábitos de higiene oral, associada a visitas regulares ao médico dentista, são dois dos pilares mais importantes para o cuidado da nossa saúde oral”, sublinha.
Entre os hábitos saudáveis a adotar destaca-se “a redução do consumo de açúcares, mas também do tabaco e do álcool”, que propiciam a ocorrência de desequilíbrios na flora oral”, alerta Joana Craveiro. Igualmente importante é seguir uma rotina de higiene oral adequada que, segundo a especialista, deve seguir a regra “2x2x2”. “A escovagem dos dentes deve ser feita, pelo menos, “duas vezes por dia, durante aproximadamente dois minutos, permanecendo, idealmente, duas horas sem comer depois da escovagem”. André Torres recomenda aguardar 30 minutos antes de escovar os dentes após as refeições, uma vez que “a acidez de alguns alimentos pode aumentar a sensibilidade do esmalte à abrasão causada pela escova de dentes”, esclarece.
As doenças mais comuns que afetam a boca (e não só)
As cáries dentárias e as doenças periodontais são as patologias mais comuns que afetam a saúde oral. De acordo com André Torres, esta doença atinge “quase 90 por cento da população e é provocada pela ação de bactérias que podem originar a destruição parcial ou total dos dentes afetados”. “É a presença destas bactérias na boca, associada a uma alimentação inadequada e a uma higiene oral deficiente, que facilita o aparecimento de cáries”, esclarece o especialista. Os sintomas mais frequentes são “a presença de sensibilidade dentária, lesões dentárias, mau hálito, desconforto ou dor”.
As doenças periodontais englobam “a gengivite, que define a inflamação das gengivas, numa fase inicial, e a periodontite, que ocorre quando a gengivite progride e que pode levar à destruição dos tecidos e, inclusivamente, do osso que suportam os dentes”, explica André Torres, lembrando que “ao contrário da gengivite, que pode ser revertida, os danos associados à periodontite são irreversíveis e permanentes”. Os sintomas destas doenças variam consoante a gravidade da patologia que pode manifestar-se com “mau hálito constante, gengivas vermelhas e que sangram facilmente, retração das gengivas e dentes com mobilidade e/ou que se afastam”.