António Costa afirmou que o Presidente da Ucrânia deu “uma nova vida” à Aliança Atlântica com a invasão à Ucrânia e destacou o papel dos Estados Unidos no abastecimento de gás na Europa.

Em declarações ao jornalistas em Bruxelas, no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), no seguimento da cimeira de líderes, o primeiro-ministro considerou que Vladimir Putin sofreu duas grandes derrotas com a invasão à Ucrânia. A primeira foi a “extraordinária capacidade de resistência” do povo ucraniano, que demonstrou “a sua alma nacional e a sua vontade de proteger a independência do seu território”, e a segunda foi “ter dado uma nova vida à NATO”.

“Se há dois anos, alguns até diziam que a NATO tinha atingido uma situação de morte cerebral, hoje vê-se que a NATO não só está bem viva, como reforçou significativamente os seus laços transatlânticos”, disse António Costa, numa referência às afirmações do Presidente francês, em 2019.

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O primeiro-ministro acrescentou que numa altura em que “era decisivo a NATO mostrar-se forte”, isso aconteceu e que a Aliança Atlântica não ficou enfraquecida, nem com o Brexit, nem com a atenção dos EUA na região do Indo-Pacífico.

Aqui está a NATO forte, unida e a falar a uma só voz perante a Rússia.”

Sobre o apelo do Presidente da Ucrânia para o apoio direto da NATO, Costa foi claro: “O que o Presidente Zelensky desejava, a NATO não pode fazer. [Isto é,] que se juntasse à Ucrânia ou admitisse a Ucrânia e entrasse no conflito com a Rússia, mas acho que não seria do interesse do mundo”, afirmou. “Ninguém tem interesse em elevar a escalada deste conflito”.

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O chefe do Executivo destacou ainda a natureza “defensiva” da Aliança Atlântica, que não lhe permite nem agir “ofensivamente contra países terceiros” nem “agir fora do território da NATO” e sublinhou que todos os membros têm ajudado com material “humanitário” e “militar”, mas também acolhendo cidadãos da Ucrânia.

Segundo Costa, Portugal já concedeu 20 mil pedidos de proteção internacional temporária.

“O reforço da capacidade de dissuasão da Aliança Atlântica na sua frente leste é também uma mensagem muito clara para a Rússia, porque se [Moscovo] pretendia ver a Ucrânia como um balão de ensaio para outras expansões, não é recomendável. Se pensava que com esta ofensiva dividia a União Europeia ou a NATO falhou completamente, teve o efeito contrário, hoje estamos mais unidos do que nunca”, acrescentou.

EUA podem dar “contributo muito relevante” no abastecimento de gás na Europa

Ainda nas suas declarações após a cimeira de líderes, o primeiro-ministro afirmou que os Estados Unidos podem dar “contributo muito relevante” no abastecimento de gás na Europa.

“A grande solução está na aposta das energias renováveis. Portugal pode dar um contributo extraordinário para reforçar a autonomia energética da Europa (se for para a frente o reforço da interconexão entre Espanha e França), mas a curto prazo implica diversificar as fontes de abastecimento de gás e os Estados Unidos podem ter um contributo muito relevante”, disse António Costa.

Costa indicou que a NATO irá manter o “apoio total” à Ucrânia e passar uma “mensagem clara” de que o território da Aliança Atlântica será defendido de qualquer tipo de ofensiva. Destacou ainda a presença do Presidente dos Estados Unidos no Conselho Europeu, descrevendo como um “excelente sinal de que é inequívoca a vontade” da NATO e da União Europeia em trabalharem juntos.

Algo essencial não só “do ponto de vista da defesa” a nível militar, mas também “à escala global”, sublinhou o primeiro-ministro, realçando que os Estados Unidos poderão assegurar as linhas de abastecimento energético e “resolver um problema central” ligado à segurança energética.