O Kremlin reiterou esta quinta-feira que os países “hostis” com Moscovo, como a Bulgária, deverão pagar os fornecimentos de gás em rublos, e prometeu analisar “as preocupações da Sérvia” sobre esse tema.
“A Bulgária deu passos hostis contra nós. Por isso, terá de [pagar] em rublos. No entanto, isto não se aplica à Sérvia. É um problema que vamos resolver”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
As declarações do Kremlin ocorreram após o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, declarar que a decisão de Moscovo sobre a necessidade de efetuar o pagamento do gás em rublos implicaria muitos problemas para o seu país, que recebe o combustível através de território búlgaro.
O Kremlin recordou que se trata de uma situação “problemática”, mas prometeu resolvê-la de forma “prioritária”.
Em novembro passado, Vucic visitou Moscovo para se reunir com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, a quem referiu que para Belgrado “é muito importante a questão do fornecimento de gás”.
Durante os primeiros 11 meses de 2021, o gigante dos hidrocarbonetos russo Gazprom forneceu à Sérvia mais 57% de gás em comparação com 2020.
Na quarta-feira, em Moscovo, Putin disse que o país rejeitará o pagamento de gás russo em divisas, incluindo em dólares e euros, e que apenas vai cobrar em rublos os fornecimentos dirigidos aos países “hostis”, onde se incluem Estados-membros da União Europeia (UE).
“Decidi aplicar o mais brevemente possível uma série de medidas para transferir os pagamentos do nosso gás natural por parte dos designados países hostis para rublos“, disse durante uma reunião com membros do Governo russo.
Putin ameaça “países hostis” da UE: vão ter de pagar exportações russas com “rublos”
Em 8 de março, o Governo russo elaborou uma lista de países e territórios “hostis”, que incluem os Estados Unidos, o Canadá, todos os países membros da UE, o Reino Unido, Ucrânia, Montenegro, Suíça, Albânia, Andorra, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega, São Marino, Macedónia do Norte, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Micronésia, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan.
O gás russo assegura 40% do consumo da UE.
A redução das importações de gás russo é indispensável para os países do centro e leste europeu, por se incluírem entre os mais dependentes de Moscovo para abastecer as suas necessidades energéticas e, por isso, entre os mais expostos a um eventual corte nos fornecimentos.
Numa mensagem destinada a tranquilizar estes e outros países, Putin assegurou que a Rússia continuará a fornecer gás de acordo com os volumes e preços estipulados nos contratos em vigor.