Quatro pessoas foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) pela prática de três dezenas de crimes de falsificação ou contrafação de documentos e de burla qualificada, estando já duas delas em prisão preventiva, foi anunciado esta sexta-feira.

Em comunicado, a Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ referiu tratar-se de dois homens e duas mulheres, com idades entre os 44 e os 51 anos, que foram investigados num inquérito com início no ano passado, após uma queixa.

Os quatro detidos são suspeitos da prática de pelo menos 20 crimes de falsificação ou contrafação de documento, 10 crimes de burla qualificada e ainda dois crimes de falsidade informática.

De acordo com a PJ, foi a queixa de uma cidadã que viu a sua casa ser vendida por terceiros (fazendo-se passar por si e pelo seu marido) a motivar o início do inquérito, tendo a queixosa sido notificada por instituições de crédito e sociedades financeiras para pagar empréstimos que não tinha contraído e relativamente aos quais as mensalidades se encontravam em atraso.

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A investigação da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ apurou que o caso desta vítima não era o único e também identificou os presumíveis autores das situações até agora conhecidas.

Segundo a Judiciária, o principal suspeito, cujos rendimentos eram exclusivamente das vantagens obtidas com estes crimes, pedia aos outros três que fizessem créditos junto de instituições de crédito ou em sociedades financeiras, através de identidades falsas.

Para que os créditos fossem aceites pelas entidades financeiras, o principal mentor “fabricava comprovativos de morada, comprovativos de rendimentos ou de remunerações, e encomendava, na “darknet”, documentos de identidade estrangeiros com os dados biográficos das vítimas, mandando apor neles as fotografias dos outros três”.

A PJ revelou ainda que, para evitar que as vítimas descobrissem os contratos de crédito que estavam a ser celebrados em seu nome, e também com a intenção de acompanhar a par e passo a tramitação e o histórico dos processos de crédito, os suspeitos tinham o especial cuidado de indicar moradas por si controladas.

“Em alguns dos casos, venderam ainda imóveis destinados à habitação, que sabiam estar livres de ónus ou encargos, de pessoas por quem se fizeram passar nas escrituras de compra e venda, com documentos de identidade falsos ou com procurações falsas”, detalhou a polícia.

De acordo com a investigação feita até ao momento, os autores dos crimes utilizaram pelo menos “sete identidades distintas“, com as quais abriram contas bancárias, depois provisionadas com os valores dos contratos de mútuo e de cartão de crédito que celebraram, ou com os valores pelos quais venderam os imóveis.

Estas verbas totalizam até agora, no seu conjunto, mais de 350 mil euros.

Além da detenção dos autores, a PJ realizou buscas domiciliárias e apreendeu dinheiro, documentos falsos, equipamentos informáticos e outros objetos utilizados nos crimes.

Presentes a primeiro interrogatório judicial, dois dos suspeitos ficaram com a medida de coação de prisão preventiva, um dos quais o principal suspeito, e os restantes dois sujeitos a apresentações periódicas e proibição de contactos aos restantes dois.