Uma jovem que foi retirada da maternidade atacada em Mariupol surge numa entrevista a um meio de comunicação russo, em que afirma que o hospital não foi alvo de um ataque aéreo.
A imagem de Marianna, grávida, a ser retirada da maternidade correu mundo, mas já na altura as autoridades russas disseram que se tratava de uma atriz, e que todo o ataque tinha sido encenado pela Ucrânia. Esta entrevista, divulgada agora nas redes sociais, parece ter o intuito de confirmar a tese do ataque falso.
De acordo com a Sky News, Marianna, que entretanto deu à luz, descreve explosões na maternidade, mas diz que não houve bombardeamentos aéreos. A Sky diz que a jovem foi levada para a Rússia ou para a região separatista de Donetsk.
Alguns jornalistas ucranianos manifestaram dúvidas sobre a integridade desta entrevista, sugerindo que possa ter sido editada.
I am afraid Russian propagandists will use and abuse Marianna, manipulating and editing whatever she says to fit their narrative. That was my worry from the beginning and this is unfortunately happening
— Olga Tokariuk (@olgatokariuk) April 1, 2022
Very concerning news. Marianna, the pregnant girl from #Mariupol, turns out to be one of the refugees that has been taken to #Russia in violation of the evacuation agreement.
There they put her in front of a camera and have her say there was no aerial attack on the hospital. pic.twitter.com/SLJMAGeFTy
— Thomas van Linge (@ThomasVLinge) April 2, 2022
Na altura do ataque, a 9 de março, várias contas ligadas ao Kremlin nas redes sociais afirmaram que Marianna Podgurskaya, uma influencer ligada à moda, tinha “desempenhado o papel de grávida” para dar cobro à encenação ucraniana.
O ataque à maternidade de Mariupol foi um dos mais chocantes contra civis desde que a guerra começou, mas a Rússia tem insistido que foi provocado pela própria Ucrânia.
O porta-voz dos Negócios Estrangeiros russo, Igor Konashenkov, negou a responsabilidade russa no ataque, garantindo que a “aviação do país não leva a cabo missões que possam atingir civis”, acrescentando, citado na altura pelo The Guardian, que o “ataque aéreo foi uma provocação encenada para manter a onda anti-russa para a audiência do Ocidente”.