Uma rocha no Japão ligada à mitologia nipónica, e que supostamente guardava o espírito de uma raposa de nove caudas, partiu-se ao meio no mês passado.

A pedra, conhecida como Sessho-seki, tradução japonesa para “pedra da morte”, foi encontrada partida no Parque Nacional Nikko, a cerca de 160 quilómetros a norte de Tóquio. Os cientistas, explica o The Independent, acreditam que a rocha se terá quebrado em função das baixas temperaturas sentidas no país combinadas com a infiltração de água numa fenda da rocha.

Segundo a cultura popular local, esta rocha seria habitada pelo espírito de um demónio em forma de raposa conhecido como Tamamo-no-Mae, e que poderia igualmente assumir a forma de uma mulher, conta o o The Insider. O espírito estaria aprisionado na rocha há cerca de 900 anos e dizia-se que quem se aproximasse da pedra acabaria por morrer.

A história mais conhecida de Tamamo-no-Mae remonta ao século XII, e envolve um imperador nipónico da altura — Toba, que governou entre 1107 e 1123, explica a CNN. O imperador terá sido enfeitiçado pelo espírito enquanto este assumia a forma feminina. Pouco tempo depois de a conhecer, contudo, o líder acabou por ficar gravemente doente, e terá sido um dos seus astrólogos que descobriu a verdadeira identidade da mulher.

Tamamo-no-Mae terá então fugido dos guardas do imperador para uma floresta onde, atingida por flechas dos samurais, transferiu o seu espírito para a rocha agora quebrada.

A maldição “assassina” em torno da rocha, contudo, como disse à CNN Yoshiko Okuyama, professora de Estudos Japoneses da Universidade do Havai, pode ter uma explicação lógica. A rocha localiza-se numa zona com vários vulcões, pelo que, ocasionalmente, a libertação de gases em função da atividade vulcânica pode ter matado alguns animais — e até mesmo humanos — ao longo dos anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo Okuyama, a rocha era uma famoso local turístico, ainda que a sua fama seja reduzida em comparação com o mito propriamente dito em torno do espírito da raposa com nove caudas.

“O espírito da raposa tem aparecido várias vezes nos media japoneses modernos”, escreve o canal norte-americano, muitas vezes segunda uma narrativa onde a raposa, retratada inicialmente como vilã, acaba por se tornar numa espécie de heroína.