Ao fim de mais de duas décadas dados como desaparecidos, dois cadernos do naturalista britânico Charles Darwin foram devolvidos à Biblioteca da Universidade de Cambridge. Um dos cadernos contém o famoso rascunho da “Árvore da Vida”, feito pelo cientista em 1837.

Os dois cadernos foram deixados no chão, numa zona pública da biblioteca, perto do escritório dos bibliotecários, a 9 de março. A área onde reapareceram os cadernos do ‘pai da evolução’ não é abrangida pelo sistema de vigilância do edifício, pelo que permanece um mistério quem terá entregue as duas relíquias tanto históricas como científicas.

Embora o desaparecimento remonte ao ano 2000, a situação foi apenas reportada à polícia em 2020 pela diretora da biblioteca, Jessica Gardner. Embrulhados em película aderente, os cadernos foram depositados no chão do edifício dentro de um saco cor de rosa, que continha no seu interior as caixas onde os cadernos eram guardados. Dentro de um envelope, junto com os artefactos científicos, vinha uma curta mensagem endereçada à biblioteca:

“Bibliotecária

Feliz Páscoa

X”

Em setembro de 2000, segundo a Biblioteca da Universidade de Cambridge, os dois cadernos tinham sido retirados de uma zona protegida da biblioteca dedicada às coleções mais valiosas, para serem fotografados e analisados, tendo esta tarefa terminado em novembro do mesmo ano. Dois meses depois, em janeiro de 2001, durante uma vistoria de rotina, verificou-se pela primeira vez que as caixas onde os dois livros se encontravam não estavam no seu lugar da biblioteca.

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Durante anos, e dado a instituição ter cerca de 10 milhões de livros, mapas e manuscritos, pensou-se que os cadernos tivessem sido colocados no lugar errado do edifício. No início de 2020, Jessica Gardner, que se tornou diretora da instituição em 2017, organizou uma busca de larga escala pelos livros, tendo sido atribuídas áreas específicas aos funcionários para que procurassem pelos apontamentos de Darwin na biblioteca de Cambridge. Nenhuma prova da sua permanência no local foi encontrada.

Foi apenas depois desta procura infrutífera que o roubo dos cadernos do naturalista britânico foram reportados às autoridades policiais, que continuam ainda a realizar uma investigação, em conjunto com a Interpol, ao desaparecimento dos livros.

Os cadernos podem agora retomar aos seus lugares juntamente com o resto do Arquivo Darwin em Cambridge, no coração da herança cultural e científica da nação, em conjunto com os arquivos de Sir Isaac Newton e do Professor Stephen Hawking”, afirmou a diretora da biblioteca.

Podem ser pequenos, apenas do tamanho de cartões postais, mas o impacto dos cadernos na história da ciência, e a sua importância para as nossas coleções mundiais aqui, não pode ser sobrestimada”, concluiu.

Os cadernos serão exposto no mês de julho, como parte da exibição da Biblioteca da Universidade de Cambridge, “Darwin in Conversation”.