O governo federal russo vai deixar de poder fazer reembolsos de dívida em dólares, como tem vindo a fazer apesar das sanções, recorrendo a bancos norte-americanos. A decisão foi tomada pelo Tesouro norte-americanos e deixa a Rússia mais perto do default, ou seja, de um incumprimento em dívida que Moscovo tem dito que será “artificial” e “provocado”, caso se verifique. Um pagamento já terá sido bloqueado.
“A partir de hoje, o Tesouro dos EUA não vai autorizar quaisquer pagamentos de dívida em dólares, por parte de contas ligadas ao governo russo em instituições financeiras dos EUA”, informou um porta-voz do organismo, citado pelo Financial Times.
Com esta decisão, afirmou o porta-voz na noite de segunda-feira, “a Rússia tem de fazer uma escolha entre esgotar o que resta das suas reservas em dólares, bem como receita nova que continue a receber, ou, então, entrar em default“.
Isto acontece porque, desde as sanções aplicadas no final de fevereiro, estão congeladas todas as reservas financeiras da Rússia nos bancos norte-americanos. Porém, apesar desse congelamento, a Rússia tem conseguido cumprir com os pagamentos de juros de dívida, em dólares, porque esses reembolsos foram sendo autorizados, caso a caso, pelo Tesouro norte-americano.
Essas autorizações, que têm sido dadas à Rússia, vieram no contexto de um regime de exceção que foi previsto nas sanções aplicadas no final de fevereiro e que permite que a Rússia possa movimentar esses dólares se o objetivo for fazer pagamentos de juros e dividendos.
Um pagamento já terá sido bloqueado, segundo a Reuters
De acordo com a agência Reuters, já na segunda-feira as autoridades dos EUA impediram o governo russo de fazer um pagamento usando essas reservas de dólares em bancos norte-americanos.
Em causa está um volumoso reembolso de 552 milhões de dólares que teria de ser restituído aos investidores – ou seja, não se tratava de um pagamento de juros periódicos mas, sim, do reembolso do capital total numa linha de obrigações.
Mas o governo russo foi impedido de fazer esse pagamento, que estaria para ser realizado através do banco JP Morgan Chase, o que deverá fazer com que se inicie o “período de carência” de 30 dias que está previsto na maioria dos títulos de dívida emitidos pelo governo russo. Só depois, se não for feito o pagamento, é que poderá ser declarado o incumprimento.