A Rússia foi suspensa do Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), esta quinta-feira, após a proposta com esse objetivo ter sido aprovada em Assembleia-Geral por 93 países, enquanto 24 votaram contra e 58 abstiveram-se. Para tal, era necessário que pelo dois terços (sem contar as abstenções) votassem a favor da resolução: em termos percentuais, o documento foi assim aprovado por 79% dos Estados-membros que fizeram parte da votação.

Praticamente toda a Europa (à exceção da Bielorrússia) votou a favor da suspensão russa, posição idêntica à de países como os Estados Unidos, o Canadá, o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália, a Argentina ou Israel.

Em sentido inverso, 24 países votaram contra. A Rússia rejeitou a moção, tal como a China, um país que até agora se tinha mantido ambíguo relativamente à invasão da Ucrânia por Moscovo e nunca se tinha posicionado oficialmente ao lado do regime liderado por Putin. Cazaquistão, Coreia do Norte, Cuba, Irão, Laos, Síria e Zimbabué também apoiaram a permanência da Rússia no Conselho dos Direitos Humanos.

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Entre as abstenções, contaram-se os votos do Brasil (que mudou de posição já que havia votado a favor da resolução que condenava a guerra), da Índia, do Egito, do México, do Qatar, da África do Sul e dos Emirados Árabes Unidos.

No espaço lusófono, apenas Timor-Leste se juntou a Portugal e votou a favor da resolução. Os restantes países abstiveram-se: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. São Tomé e Príncipe optou por não votar.

Tendo como base as ações militares na Rússia na Ucrânia — incluindo o massacre em Bucha —, esta é a segunda vez na história da ONU que um país é suspenso do Conselho dos Direitos Humanos. A primeira ocorreu em 2011 com a expulsão da Líbia devido à repressão aos protestos populares no país por parte do regime de Muammar Kadafi.

O gesto reveste-se de grande importância uma vez que a Rússia é um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, possuindo por isso o poder de veto naquele organismo.

A Ucrânia já reagiu pela voz do ministério dos Negócios Estrangeiros. Dymtro Kuleba escreveu, na sua conta pessoal do Twitter, que “criminosos de guerra não têm lugar em organismos da ONU destinados a proteger os direitos humanos”. “Estou grato a todos Estados-membros que apoiaram esta resolução revelante”, afirmou, sinalizando que estes paises “escolheram o lado certo da história”.

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dymtro Kuleba, garantiu que a Rússia vai continuar a “defender os seus interesses” no campo diplomático.