As Forças Armadas do Brasil aprovaram a compra de mais de 35 mil unidades de Viagra, comprimido normalmente usado em casos de disfunção erétil, afirmando servir para o tratamento da hipertensão pulmonar arterial (HPA).

A notícia foi avançada na segunda-feira pelo portal da Globo, o G1, após o deputado de centro-esquerda Elias Vaz ter revelado, através de uma publicação do Twitter, a compra dos medicamentos pela parte do exército brasileiro.

“No início do mês tivemos um reajuste alto no preço dos medicamentos, os hospitais estão a sofrer com a sua falta e Bolsonaro e sua turma usam dinheiro público para comprar o “azulzinho”. É um tapa na cara dos brasileiros!”, escreveu Elias Vaz na rede social, acrescentando que solicitou um requerimento ao Ministério da Defesa a pedir explicações sobre o assunto.

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O deputado disse ter obtido a informação relativa à compra através do Portal da Transparência do Governo, site onde é possível aceder aos gastos públicos do executivo. Segundo Vaz, nos documentos da compra o medicamento é mencionado enquanto Sildenafil, nome genérico do Viagra.

Também o deputado de esquerda Marcelo Freixo criticou, numa publicação na rede social Twitter, a aprovação da aquisição dos comprimidos, pedindo ao Ministério Público Federal que investigasse o caso “absurdo”.

Dos medicamentos, 28.320 comprimidos destinam-se à Marinha, 5 mil ao Exército e 2 mil à Força Aérea, em doses de 25 ou 50 mg.

A Marinha e a Força Aérea deram conta de que a Sildenafila é usado em pacientes com HAP, uma doença que eleva a pressão arterial e afeta os vasos pulmonares.

O medicamento é, de facto, utilizado no tratamento do HAP, no entanto as dosagens referidas não são as indicadas para essa finalidade, revelou à Globo Veronica Amado, a coordenadora da Comissão de Circulação Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

A bula do medicamento refere que as dosagens de 25 mg ou 50 mg, como é o caso da encomenda das forças armadas, são aconselhadas para o tratamento de disfunção erétil. Já a dosagem de 20 mg é indicada para tratar a HAP, explicou Veronica Amado.

A notícia da aquisição gerou uma onda de comentários, piadas e memes nas redes sociais.