O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) confirmou uma taxa de inflação de 5,3% em março deste ano, face ao nível há um ano, o valor mais elevado desde junho de 1994. O valor confirma a estimativa rápida que tinha sido comunicada no final do mês de março.

Inflação acelera para 5,3% em março à boleia da guerra na Ucrânia. É o valor mais alto desde junho de 1994

A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC), de 5,3% em março de 2022, é superior em 1,1 ponto percentual à do mês anterior. Excluindo os produtos alimentares não transformados e a energia (chamada inflação subjacente), a taxa ficou nos 3,8% (3,2% em fevereiro), o valor mais alto desde fevereiro de 2003. Os produtos energéticos registaram um aumento em março para 19,8% (15,0% em fevereiro), “valor mais elevado desde fevereiro de 1991”. Já os produtos alimentares não transformados dispararam 5,8% (3,7% em fevereiro).

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É sobre estas duas componentes que o Governo concentrou as medidas de apoio, para compensar as famílias e empresas da escala de preços tanto na energia como nos produtos alimentares.

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Os bens alimentares e bebidas não alcoólicas e os transportes subiram 7,2% e 11,0%, respetivamente (4,7% e 8,5% no mês anterior). Em sentido oposto, apenas o vestuário e calçado tiveram uma diminuição da taxa de variação homóloga para 0,1% (3,2% no mês anterior). “Pelo quarto mês consecutivo, todas as classes registaram variações homólogas positivas”, realça o INE.

No índice que serve para a comparação internacional — o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) — a variação face a março de 2021 foi de 5,5%, “valor mais elevado registado desde o início do IHPC, em 1996”. Este é o indicador utilizado pelo Eurostat na comparação internacional, e que é o projetado pelo Banco de Portugal para estimar uma inflação no ano de 4%. O Governo estimava, no programa de estabilidade, para o IHPC um valor de 3,3% e para o IPC de 2,9%, valor que será revisto no Orçamento do Estado para uma taxa próxima de 4%.

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A taxa harmonizada portuguesa é, assim, inferior em dois pontos percentuais (pp) ao valor estimado pelo Eurostat para a zona do euro (em fevereiro a diferença era de 1,5 pontos).

Em relação ao IPC, a variação média dos últimos doze meses foi de 2,2% (1,8% em fevereiro).