As contas eram relativamente fáceis de fazer mas faltava um último ponto para a confirmação final, fosse no plano desportivo, fosse na vertente financeira. Não foi um, foram mesmo três. E não foi com uma vitória qualquer mas sim com a maior do ano. A poucas horas da celebração do 40.º aniversário daquela que foi a primeira eleição de Pinto da Costa como presidente do FC Porto, o Dragão viveu uma noite de sonho.

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À cabeça, o plano desportivo. Com um resultado que igualou a maior goleada até ao momento na Primeira Liga (o outro 7-0 foi no Belenenses SAD-Benfica marcado pela entrada em campo dos azuis com apenas nove elementos e pelo fim da partida pouco depois do início da segunda parte) e que foi a maior goleada em jogos do Campeonato dos últimos cinco anos, os azuis e brancos passaram a ter à condição nove pontos de avanço do Sporting antes do dérbi em Alvalade frente ao Benfica deste domingo. Mais do que isso, e noutros “mini objetivos”, o FC Porto isolou-se como melhor ataque da prova com 79 golos que constituem o melhor registo do clube dos últimos 44 anos e, em paralelo, somou o quarto jogo seguido sem consentir golos (segunda melhor defesa do Campeonato, com mais um golo do que os 18 do Sporting), melhor série da época.

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Em paralelo, uma semana depois de se ter tornado a equipa nacional com a maior série consecutiva de jogos sem derrotas no Campeonato superando o Benfica, o FC Porto igualou agora o AC Milan nos maiores registos olhando também para as principais ligas de Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha (58).

Agora, a vertente financeira. Com os 18 pontos à condição de avanço em relação ao Benfica, os dragões já carimbaram a presença na próxima fase de grupos da Liga dos Campeões (algo que apenas o Bayern tinha garantido até ao momento nas principais ligas europeias), conseguindo assim garantir logo à cabeça uma verba de 37,65 milhões de euros para o orçamento de 2022/23: caso não exista qualquer alteração na distribuição de receitas por parte da UEFA, são 15,64 milhões para fase de grupos e 22 milhões pela posição nos últimos dez anos de ranking, a que se somam depois todos os prémios por rendimento desportivo entre vitórias e empates nos grupos e passagens às rondas seguintes além do market pool dos direitos televisivos.

“Nós é que tornámos o jogo fácil porque tivemos uma atitude competitiva como tem sido habitual, noutros jogos com o Boavista no Bessa e com o Vitória em Guimarães se fossemos mais eficazes o jogo não acabaria com a vantagem mínima. Hoje conseguimos materializar a nossa capacidade ofensiva, a capacidade que temos de criar situações e estivemos muito concentrados no equilíbrio defensivo e na reação à perda. A equipa esteve dentro do que é habitual e que pretendemos, nada de surpreendente. Foi uma vitória justa da nossa parte, mais uma batalha ganha mas ainda faltam alguns jogos”, começou por destacar Sérgio Conceição na zona de entrevistas rápidas da SportTV, antes de abordar a atitude competitiva da equipa.

“Esse é o mínimo que exigimos. Não temos de pensar no volume do resultado, não podemos pensar que estamos perante 48 mil pessoas, não podemos pensar que estamos a jogar em casa. Essa tem de ser a atitude diária de quem trabalha aqui, em cada treino e em cada minuto no nosso clube. Fico contente por isso porque aqui não há 11 jogadores, existe um grupo de 20 e tal jogadores disponíveis e com uma atitude que criamos e exigimos. O gesto técnico pode ser errado mas o compromisso com aquilo que é pedido tem de estar sempre presente em cada lance. Isto não é nenhum chavão nem para ficar bem na fotografia, é o que exigimos em termos internos e nota-se que do primeiro ao último minuto eles tentam dar ao máximo, vão ao limite e associamos a isso a qualidade e a organização de jogo. É o resultado das exibições acima da média mas são apenas três pontos, não vamos aqui entrar em festas, não há festas para ninguém”, destacou.

“Sem ser o diretor financeiro, o meu trabalho é esse: dar o máximo com a minha equipa técnica, com os meus jogadores e com todos os diferentes departamentos que fazem parte do nosso clube para que os jogadores sejam potenciados ao máximo e para que estejamos sempre na maior prova de clubes do mundo e isso traz benefícios financeiros ao clube. Claro que é bom mas não faz parte do meu trabalho, os meus números são os pontos, ganhar aquilo que é o principal objetivo que é ganhar o Campeonato. Se torço pelo Benfica no dérbi? Não, torço para que toda a gente tenha uma boa Páscoa e queria também mandar um abraço muito sentido aos sócios e às pessoas de Coimbra e da Académica, que sabem que é um clube pelo qual tenho um carinho muito grande, comecei a jogar lá com nove anos, não esqueci os anos de formação na nossa Briosa e deixou-me triste descerem de divisão”, concluiu o técnico que essa mensagem para o ex-clube.