É “possível” que o Banco Central Europeu avance já em julho para uma primeira subida das taxas de juro, para responder aos riscos “significativos” em torno da escalada da inflação. A mensagem foi esta quarta-feira transmitida pelo governador do banco central da Letónia, Martins Kazaks, um dos membros do Conselho do BCE. Poderá ser a primeira subida dos juros e, provavelmente, não será a última do ano, reconheceu o responsável.

Com os mercados financeiros a preverem uma primeira subida da taxa de juro no início do segundo semestre, Kazaks foi claro: “Um aumento dos juros em julho é possível, e não vejo razões para discordar daquilo que os mercados estão a antecipar para a segunda metade do ano”.

O BCE tem a taxa de juro diretora em zero, desde finais de 2011, mas nos últimos anos baixou a taxa dos depósitos para o nível negativo de -0,5%, um “número mágico” que, na opinião do letão, não deve prolongar-se por mais tempo do que o necessário.

Kazaks, que tendencialmente é um dos membros do Conselho do BCE com visões mais hawkish (ou seja, avessas a taxas de inflação muito elevadas), confirma que o BCE tem um plano “gradual” de normalização da política monetária. Mas “gradual não significa lento“, afirmou o responsável, acrescentando que gradual “também não significa estar conscientemente demasiado atrasado” no processo de subida dos juros. “Não, gradual significa que estamos sempre a verificar se as medidas que tomamos são as adequadas”, rematou.

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Com a inflação na zona euro nos 7,5%, quase quatro vezes acima do objetivo, o cenário de subida de juros tornou-se muito mais real. Recorde-se que, ainda em novembro, Christine Lagarde visitou Lisboa e considerou “muito improvável” que se reunissem as condições para justificar uma subida das taxas de juro ainda em 2022.

Menos de seis meses volvidos, parece quase certo que essa primeira subida das taxas de juro na zona euro virá não só antes do final do ano como poderá vir ainda no terceiro trimestre. Já depois do final da última conferência de imprensa do BCE, “fontes conhecedoras do processo” indicaram à agência financeira Bloomberg que “está a formar-se um consenso crescente” entre os membros do Conselho do BCE no sentido de se avançar para uma mexida nas taxas de juro algures entre julho e setembro.

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