As portuguesas Lídia Jorge, Maria Antónia Palla e Teresa Salgueiro receberam, nesta quinta-feira, em Madrid, os Prémios do Clube das 25, que distinguiram seis mulheres pelo contributo para a igualdade de género e os direitos das mulheres.
A edição de 2022 da entrega dos prémios realizou-se na residência oficial do embaixador de Portugal em Espanha com a presença de várias personalidades e autoridades do mundo da política, cultura e arte.
Lídia Jorge não pôde estar presente, tendo a atriz Paula Guedes recebido em seu nome o Prémio do “El Club de las 25” (O Clube das 25, em português).
Segundo a organização feminista, a escritora e editora portuguesa é “uma voz única e reconhecida no panorama da literatura portuguesa contemporânea” e a recetividade do público e dos críticos às edições repetidas das suas obras têm distinguido o seu trabalho.
Depois de receber o galardão, na forma simbólica de um leque, das mãos do embaixador de Portugal em Espanha, João Mira Gomes, a jornalista Maria Antónia Palla fez uma pequena intervenção em que se definiu como uma “socialista algo anarquista” e uma “mulher de causas”, sem grande interesse pela luta partidária.
“A prioridade da minha vida foi a luta pela liberdade da mulher”, disse Maria Antónia Palla, acrescentando que, ao longo do seu percurso, defendeu causas como a liberdade de imprensa, o direito dos povos à liberdade e democracia, recordando ainda que teve a responsabilidade de um programa televisivo em que defendeu a legalização do aborto.
Numa resposta à alusão feita sobre a sua qualidade de mãe do atual primeiro-ministro português, António Costa, Palla referiu que era “antes de mais uma jornalista” e que o “principal é que cada um tenha a sua independência”.
O Clube das 25 apresentou a portuguesa como sendo “jornalista, escritora e feminista”, que fez parte do primeiro grupo de mulheres jornalistas a ser admitido, por concurso, no corpo editorial do antigo Diário Popular e a primeira mulher, em Portugal, a assumir a presidência do Fundo de Saúde dos Jornalistas e uma das fundadoras da Liga dos Direitos da Mulher.
Por seu lado, a cantora e compositora Teresa Salgueiro recordou que, com apenas 17 anos, fez parte do grupo Madredeus num setor em que os homens eram “a esmagadora maioria”.
“Não pode existir liberdade sem haver igualdade, o que é uma responsabilidade de todos”, disse, acrescentando que a atividade musical “ainda é dominada pelos homens”, mas que “o caminho está aberto e as mulheres ainda podem fazer muito mais”.
O Clube das 25 referiu que o grupo Madredeus gravou nove álbuns de música original, criados especialmente para a voz de Teresa Salgueiro e que durante os 20 anos de 1987 a 2007 o grupo vendeu mais de cinco milhões de discos em todo o mundo, tendo-se tornado “nos primeiros representantes da música portuguesa”.
As outras premiadas foram as espanholas Carlota Bustelo (política “emblemática e símbolo de toda uma época” de luta feminista), Almudena Ariza (jornalista correspondente em vários países) e Rozalén (cantora e ativista feminista).
A cerimónia de entrega da XXV edição dos Prémios do Clube das 25 contou com a presença do embaixador de Portugal em Espanha; personalidades do mundo da cultura, como Pilar del Rio; e autoridades políticas, como a ministra espanhola da Igualdade, Irene Montero, a ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles, e a antiga presidente da Câmara de Madrid Manuela Carmena, entre outras.
O Clube das 25 é uma associação feminista composta por mulheres unidas pela “luta pela igualdade real, por dar visibilidade às mulheres em lugar de destaque em todos os setores e pelo trabalho sobre questões que afetam particularmente as mulheres, tais como a violência de género, a diferença salarial ou o assédio sexual”.
Há dois anos, a associação, que tem uma longa história no movimento feminista em Espanha, decidiu abrir uma nova etapa de alianças com os países atlânticos, tendo encontrado agora “uma boa ocasião para inaugurar esta nova cooperação” com o país vizinho, Portugal.