O Observador viajou a convite da Philip Morris International

Em outubro de 2020, há mais de ano e meio, o Autódromo Internacional do Algarve recebeu um Grande Prémio de Fórmula 1 pela primeira vez em 24 anos. O fenómeno, motivado pela pandemia e pela necessidade de encontrar localizações alternativas para etapas do Campeonato do Mundo depois de muitas necessidades se terem fechado dentro de si mesmas, foi o primeiro de vários: o MotoGP também passou por Portimão no mês seguinte e voltou em abril de 2021 e a Fórmula 1 regressou ao Algarve em maio do ano passado. Em outubro de 2020, porém, tudo era bastante diferente.

Há mais de ano e meio, depois de Portugal já ter atravessado a primeira vaga da Covid-19 mas com os números a ditarem a inevitabilidade da segunda, o Grande Prémio de Fórmula 1 aconteceu escassos dias antes de as máscaras se tornarem obrigatórias na via pública — sendo que já o eram em espaços fechados. Mais de um ano e meio depois, este Grande Prémio de MotoGP acontece escassos dias depois de a obrigatoriedade das máscaras ter desaparecido em praticamente todos os locais salvo raras exceções.

Miguel Oliveira foi 5.º e voltou a um top 10 na coroação de Fabio Quartararo como novo rei de Portimão

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Em outubro de 2020, as bancadas do Autódromo Internacional do Algarve encheram-se de adeptos, aficionados e fãs da Fórmula 1 — mas também de simples curiosos, numa altura em que o país ainda vivia uma espécie de desconfinamento cultural e social que fazia com que assistir a um evento desportivo com milhares de pessoas parecesse um ato já longínquo. Nos primeiros dois dias da corrida que Lewis Hamilton acabou por ganhar, a polémica rebentou através da escassez de máscaras nas bancadas, da total ausência de distanciamento físico e da ideia de que o Grande Prémio poderia potenciar um boom de contágios na região. Mais de um ano e meio depois, no MotoGP, só alguns elementos da organização usam máscara por especial precaução e não existem limitações de lotação em lado algum.

A transição, porém, tornou-se mais fácil e menos potencialmente perigosa a partir de um dado simples: a gigantesca discrepância no número de espectadores. Em 2020, também devido ao tal desconfinamento cultural e social, o Autódromo do Algarve recebeu mais de 27 mil pessoas que nem sequer ficaram bem distribuídas pelas bancadas, com a facilidade de mudança de lugar por parte dos adeptos a ser uma das principais críticas apontadas à organização. Este fim de semana, nenhuma bancada do recinto esteve completamente lotada ou sequer bem composta, com as bandeiras portuguesas de apoio a Miguel Oliveira a contarem-se facilmente pelos dedos das mãos.

Um Grande Prémio sem rede e sem distância que pode ter dado ao Algarve um novo verão em pleno outono

Outro ponto de comparação que tornava clara a escassez de público prendia-se com o trânsito — ou a falta dele. Há mais de ano e meio, logo após o final do Grande Prémio de Fórmula 1, a saída do Autódromo prolongou-se durante mais de duas horas e implicou períodos de 20 minutos em que os carros não se movimentavam. Em 2022, a saída fez-se de forma célere, sem filas e sem demoras, com a GNR algarvia a orientar as circunstâncias sem obstáculos. Ainda assim, é preciso recordar um pormaior: grande parte dos adeptos que se deslocam até ao Algarve para assistir ao MotoGP fazem-no de mota e não de carro, algo que facilita naturalmente o escoar do trânsito.

Mas público à parte, a verdade é que o Grande Prémio de Portugal continua a ser um dos preferidos dos pilotos de MotoGP e o mais provável é que, em 2023, Portimão receba novamente uma das etapas do Campeonato do Mundo. O cenário foi confirmado por Jorge Viegas, presidente da Federação Internacional de Motociclismo, que garantiu que a corrida deve repetir-se no próximo ano apesar de o contrato com a Dorna — a empresa promotora do Mundial — prever três provas ao longo de cinco anos, numa perspetiva de alternância com um circuito espanhol.

MotoGP Of Portugal - Qualifying

Valentino Rossi, que acabou a carreira no final da época passada, esteve em Portimão a assistir ao Grande Prémio

“Em princípio, vai manter-se no próximo ano. Este ano, se tudo correr bem, vamos um recorde de Grandes Prémios no calendário, são 21. Talvez no próximo ano sejam 22, ainda não está decidido. Mas esse será o limite. Toda a gente gosta deste circuito, desta envolvência. É um circuito muito diferente dos outros e os pilotos gostam. Depois, há condições financeiras para manter a prova e espero que o Grande Prémio de Portugal continue por muitos e bons anos. Obviamente que farei tudo o que puder para contribuir para que isso aconteça”, explicou Viegas à margem da primeira corrida do ano a contar com a presença de Valentino Rossi, que acabou a carreira na época passada e esteve nas boxes da própria equipa, a VR46 Racing Team, ao longo de todo o fim de semana.

No fim de semana em que Miguel Oliveira voltou ao top 10 de uma corrida e subiu ao oitavo lugar da classificação geral do Mundial, o presidente da Federação garantiu que não está “nada preocupado com o futuro desportivo” do piloto português — que termina contrato com a KTM no final da temporada e ainda não tem a renovação fechada. “A única coisa que sei é que ele não terá problema nenhum em continuar no MotoGP, seja na KTM ou noutra marca. É um piloto apetecível, um bom afinador de motas e, enquanto pessoa, é adorável”, terminou Jorge Viegas.