910kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

O piloto automático desligou-se e a queda foi a pique (a crónica do Sp. Braga-FC Porto)

Este artigo tem mais de 2 anos

FC Porto continua com título na mão, na próxima ronda ou na outra, mas o facto de não ter sido fiel à sua identidade valeu mais do que uma derrota – acabou com um recorde que fez por merecer (1-0).

Galeno, antigo jogador do Sp. Braga, teve uma das melhores oportunidades da segunda parte mas não conseguiu desfazer jogo em branco do FC Porto
i

Galeno, antigo jogador do Sp. Braga, teve uma das melhores oportunidades da segunda parte mas não conseguiu desfazer jogo em branco do FC Porto

Octavio Passos

Galeno, antigo jogador do Sp. Braga, teve uma das melhores oportunidades da segunda parte mas não conseguiu desfazer jogo em branco do FC Porto

Octavio Passos

Sérgio Conceição versão jogador foi um ala algumas vezes colocado como lateral ou a fazer todo o corredor direito com uma invulgar capacidade de ir à linha assistir mas que também fazia os seus golos. Agora, como treinador, mostra outros dotes. É o líder, assume-se como patrão, ataca sobretudo quando se sente atacado, defende como ninguém o grupo e ganhou uma invulgar capacidade para chutar para canto tudo o que seja conversa que não entre nas suas contas. Na antecâmara de se sagrar campeão, uma inevitabilidade presa apenas pela matemática, foram muitas as perguntas sobre o título. Festejar em campo ou fora dele? Fazer a festa no Dragão ou noutro estádio? Preparar festa ou ser tudo espontâneo? “Ganhar, só isso”, atirou.

FC Porto perde em Braga, adia título e quebra série após 58 jogos sem perder no Campeonato

“Faltam quatro jogos e o próximo é sempre o mais importante. À medida que chega o fim, os jogos ganham um peso ainda maior, todos lutam por objetivos e não há margem para errar. Não sou dado a festejos e coisas do género, a nossa festa é dentro do campo, fazendo o nosso trabalho. Faltam quatro jogos, todos de grau de dificuldade altíssimo. Temos um Sp. Braga a lutar pelo máximo de pontos possível, Vizela, Estoril… O próximo é um jogo grande. Queremos ganhar”, foi explicando antes da deslocação ao Minho, destacando também o “grupo adulto” que comanda: “Não é o amanhã que é importante mas sim as 34 jornadas. Estamos concentrados no que falta jogar. Sabemos não há esse pensamento, estamos focados”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Só houve mesmo uma pergunta que deixou o técnico mais descontraído, sorridentes e sem pensar também no que poderia significar uma vitória na Pedreira: o que seria do FC Porto sem Sérgio Conceição? “Não faço ideia, pergunta chata… Sou um católico praticante mas não tenho dom de adivinhar. Algumas coisas foram bem feitas nestes cinco anos, outras nem tanto, mas queria ganhar todas as provas em que entrámos. Podia ter sido melhor mas também pior, é o que é dentro do contexto do FC Porto nestes cinco anos. A forma dedicada como nós, equipa técnica, abraçámos este projeto deixa-me muito orgulho. Foi de acordo com os meus valores e os do clube. Deixa-me satisfeito mas olho também ao que não fiz”, destacou.

Foi o momento mais out of the box da conferência mas foi também a frase que explicou todo o percurso do FC Porto na presente temporada quando estava apenas a quatro pontos da reconquista do título. Mais do que isso, era a ideia como os azuis e brancos tinham passado os últimos encontros mais complicados com distinção para a obtenção de vários registos: bater o registo de jogos sem derrotas no Campeonato a nível nacional (Benfica, 56) e internacional entre as principais ligas (AC Milan, 58), conseguir o quinto Campeonato seguido com 80 ou mais pontos, somar cinco épocas seguidas a marcar mais de 100 golos. Mas havia ainda mais objetivos por alcançar e era isso que iria nortear o caminho até ao final da época.

Logo à cabeça, o prolongamento daqueles que já tinham sido atingidos, mesmo sabendo que por exemplo seria praticamente impossível chegar aos 128 golos de 2018/19. Depois, a possibilidade de ser campeão sem qualquer derrota (algo que aconteceu apenas três vezes com Jimmy Hagan no Benfica e com André Villas-Boas e Vítor Pereira no FC Porto). E, em paralelo, superar os 88 pontos que estão como recorde na Liga portuguesa, conseguidos por Rui Vitória no Benfica e Sérgio Conceição no FC Porto. O último objetivo ainda se mantém, o resto esfumou-se. E esfumou-se porque esse FC Porto teve falta de comparência.

Ao contrário do que tem sido normal e naquela que é uma das grandes marcas dos azuis e brancos, a equipa de Sérgio Conceição sentiu grandes dificuldades em parar as transições dos minhotos e nunca conseguiu encostar o adversário às cordas com a habitual reação à perda e agressividade de pressão. No final, com o Sp. Braga já sem a mesma força e discernimento, o domínio intensificou-se mas sem o rasgo do costume. Devido a mais uma grande exibição de Ricardo Horta, o FC Porto não colheu os frutos que conseguiu trabalhar ao longo da época. As queixas com a arbitragem de Hugo Miguel foram manifestas no final do jogo mas, à exceção de Vitinha, os dragões pensaram que era só ligar o piloto automático. E não era.

[Ouça aqui a análise do ex-árbitro Pedro Henriques no Sem Falta da Rádio Observador]

SC Braga x FC Porto. “Há penalty claro sobre Evanilson”

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Sp. Braga-FC Porto, 1-0

31.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Braga

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Sp. Braga: Matheus; Paulo Oliveira, David Carmo, Tormena; Yan Couto (Fabiano, 63′), André Horta (Lucas Mineiro, 74′), Al Musrati (Francisco Moura, 63′), Castro, Rodrigo Gomes; Abel Ruíz (Vitinha, 74′) e Ricardo Horta

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, André Ferreira, Bruno Rodrigues, Gorby e Falé

Treinador: Carlos Carvalhal

FC Porto: Diogo Costa; Pepê (Galeno, 63′), Mbemba, Pepe, Zaidu (Wendell, 63′); Grujic (Toni Martínez, 63′), Vitinha; Otávio, Fábio Vieira (Francisco Conceição, 71′); Taremi e Evanilson (João Mário, 46′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Fábio Cardoso, Marcano e Eustáquio

Treinador: Sérgio Conceição

Golo: Ricardo Horta (54′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Paulo Oliveira (33′), Pepe (76′), Galeno (90+1′) e Fabiano (90+1′); cartão vermelho a Luís Gonçalves, delegado do FC Porto (no final do jogo)

Com Otávio confirmado no onze apesar de algumas queixas sentidas no aquecimento, o FC Porto assumiu o jogo desde o início e conseguiu levar pela primeira vez a ideia de perigo à área minhota numa jogada que passou pelos pés do luso-brasileiro, chegou ao cerebral Vitinha que encontrou Evanilson a entrar mas o cruzamento já pressionado por Matheus foi cortado por Paulo Oliveira para canto. Os dragões protestaram aí um possível penálti do guarda-redes e ainda mais protestaram no seguimento da bola parada, com Al Musrati a cortar a bola aparentemente com o braço considerado involuntário (5′), mas não houve castigo máximo e o Sp. Braga foi conseguindo a partir daí um melhor encaixe ao ataque organizado dos azuis e brancos, procurando sempre as saídas rápidas tendo Ricardo Horta e Abel Ruíz como referências.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sp. Braga-FC Porto em vídeo]

André Horta, de meia distância, deixou o primeiro sinal de perigo junto a uma das balizas com um remate que foi bem travado por Diogo Costa (13′). E também o FC Porto, perante as dificuldades em conseguir levar o seu jogo para zonas de criação no último terço, arriscou o remate de longe, sempre sem sucesso por Vitinha e Zaidu. Assim, a melhor oportunidade dos azuis e brancos no primeiro tempo acabou por surgir pelo demérito dos minhotos, com Paulo Oliveira a desviar de forma atabalhoada um cruzamento saído da direita e Matheus a evitar o autogolo (25′). Logo na resposta, em mais um lance em que Ricardo Horta encontrou espaço para cruzar descaindo sobre a esquerda, Castro chegou tarde ao segundo poste (26′).

O encontro só raras vezes saía do seu encaixe, com o Sp. Braga mais confortável sem bola e a sair depois em transição e o FC Porto a abusar das tentativas de meia distância sem enquadrar qualquer dos oito remates que tentou até ao descanso. E o intervalo chegou a zero mas com cinco minutos a todo o gás que poderiam ter deixado os minhotos na frente, primeiro com um remate de Ricardo Horta à entrada da área que bateu com estrondo na trave (41′) e depois com Diogo Costa a ser enorme a fazer a “mancha” perante um Abel Ruíz isolado e em posição central na área (44′). Taremi ainda protestou depois um penálti num lance em que foi tocado por Yan Couto quando estava em queda após saltar mas Hugo Miguel mandou seguir.

Ao intervalo, Sérgio Conceição tentou aquilo que muitas vezes os treinadores não têm sangue frio para fazer mas que respeita a lógica de um jogo: abdicou de Evanilson, lançou João Mário, colocou Pepê em terrenos mais adiantados, tentou tirar referências à linha de três dos minhotos e apostou na velocidade, criatividade e mobilidade para furar a defesa contrária. E a primeira oportunidade do segundo tempo chegou mesmo dos pés de Pepê, num remate à entrada da área que Matheus desviou para canto (52′). No entanto, e numa das maiores diferenças em relação ao habitual FC Porto, a equipa estava a falhar e muito nas transições e foi assim que sofreu o 1-0: grande passe de Al Musrati para a profundidade, cavalgada de Abel Ruíz pela direita com cruzamento tenso e desvio ao segundo poste com a anca de Ricardo Horta (54′).

A perder, o FC Porto não demorou a voltar a mexer em dose tripla. Trocou Zaidu por Wendell, lançou Galeno para a ala esquerda em vez de Pepê com Fábio Vieira a ficar como falso extremo do outro lado mas jogando mais por dentro para dar o corredor a João Mário e abdicou de Grujic para colocar Toni Martínez na frente com Taremi, entregando o meio-campo a Vitinha e Otávio. Depois, apostou na saída de Fábio Vieira e na entrada de Francisco Conceição e procurou dar maior largura no ataque à equipa. O Sp. Braga deixou de ter saída perante esses novos posicionamentos e alguma quebra física, o FC Porto conseguiu subir linhas e acercou-se com maior frequência da baliza contrária, com Galeno a atirar por cima (79′), Matheus a defender um remate de Vitinha (82′) e Otávio a falhar também o alvo (90+3′). O mal estava feito e só não foi pior porque Vitinha, já depois de ter passado Diogo Costa, não conseguiu chutar à baliza…

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.