Os relatos de violações na guerra na Ucrânia continuam a aumentar e várias organizações estão a tentar fazer chegar contracetivos de emergência a hospitais do país tão rapidamente quanto possível. A Federação Internacional de Planeamento Familiar (IPPF, na sigla inglesa) enviou cerca de 2.880 embalagens de pílula do dia seguinte, um medicamento que, em alguns casos, pode ser tomado pela mulher até cinco dias após o ato sexual, e ainda fármacos com efeitos abortivos, que podem ser utilizados até à 24.ª semana de gravidez.

“O prazo para tratar vítimas de violência sexual é essencial. Se uma mulher for tratada até cinco dias após o incidente, então a medicação deve ser dada automaticamente”, afirmou Julie Taft da IPPF ao jornal britânico The Guardian.

A entrega deste tipo de medicação na Ucrânia tem sido difícil, porque a guerra danificou as cadeias de abastecimento no país:“Antes [da guerra] muitos produtos farmacêuticos eram produzidos na Ucrânia, mas muita dessa produção parou”, afirmou Taft, acrescentando que há vários medicamentos que não conseguem ser levados para fora das grandes cidades porque “o transporte não é seguro”.

O Guardian dá ainda conta de que há uma rede de voluntários a recolher pílulas do dia seguinte doadas a nível internacional e a entregá-las em hospitais ucranianos. As Nações Unidas, por sua vez, enviaram até ao momento 40 mil quilos de produtos de saúde reprodutiva e 33 kits de Gestão Clínica de Violação (CMR), um guia das melhores práticas para ajudar vítimas de violação em situação de emergência, e de profilaxia pós-exposição (PPE) — medicamentos antirretrovirais para prevenir a infeção por VIH — para 19 hospitais ucranianos.

Segundo Joel Mitchell, da organização humanitária Paracrew, a maioria dos hospitais que tem pedido contracetivos de emergência está localizada na zona leste do país, nomeadamente unidades hospitalares em Kharkiv e Mariupol.

Apesar de não se saber ao certo quantos destes medicamentos são para vítimas de violação, um dos voluntários desta organização adiantou ao Guardian que entregou contracetivos de emergência a um hospital numa cidade a norte de Kiev e funcionários dessa unidade disseram-lhe que estavam a tratar mulheres que tinham sido violadas.

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