As primeiras sessões de treinos livres com piso molhado prometeram muito, a qualificação acabou por ser uma desilusão, a corrida melhorou de certa forma esse dia de sábado com um regresso ao top 5 em prova no Grande Prémio de Portugal. A passagem do Mundial de 2022 para a Europa inverteu aquele que era o ciclo recente de Miguel Oliveira, que a seguir ao triunfo na Indonésia não tinha ido além do 13.º lugar na Argentina e da 18.ª posição nos EUA, a semana ficou sobretudo marcada por aquele que poderá ser o futuro do piloto na KTM numa fase em que está a terminar contrato. E há mais do que um cenário possível.

Miguel Oliveira foi 5.º e voltou a um top 10 na coroação de Fabio Quartararo como novo rei de Portimão

“A minha situação é que o contrato com a KTM acaba no final deste ano e teremos este mês de maio e junho para negociar com eles. Vejo o meu futuro com otimismo e estou muito tranquilo. O meu pai, que é o meu agente, ocupa-se de tudo isso, para que possa estar tranquilo e possa dar o máximo em cima da moto. Não estou preocupado porque sei que o meu futuro está na grelha do MotoGP”, comentou o português a esse propósito, colocando uma decisão final para 2023 (ou uma outra época) nos próximos dois meses.

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O jornal Marca levantou esta semana a possibilidade de uma transferência para a Yamaha, também à luz da falta de resposta do campeão Fabio Quartararo à equipa. Já não é a primeira vez que existe a associação do português à formação japonesa depois das abordagens que se seguiram ao despedimento de Maverick Viñales mas, nos últimos dias, as notícias davam conta de um outro cenário que mantinha Miguel Oliveira e grande parte dos pilotos do atual Mundial nas mesmas equipas em 2023 – incluindo Quartararo, mais longe de trocar a Yamaha pela Honda por questões salariais. Ainda assim, os resultados teriam o seu peso.

O português chegava com confiança reforçada ao circuito de Jerez depois da quinta posição no Algarve que lhe permitiu subir ao oitavo posto do Mundial. No entanto, as palavras não passaram aos atos e as grandes expetativas com que chegava ao Grande Prémio de Espanha não se confirmaram nas primeiras sessões de treinos livres, onde não foi além do 15.º melhor registo. “Foi um dia complicado, não conseguimos uma boa velocidade nos TL2. Tivemos problemas nos travões, nas curvas. Foi difícil andar depressa mas acredito que podemos melhorar. A sessão de manhã foi esquisita”, comentou o português esta sexta-feira.

Miguel Oliveira termina primeiro dia de treinos do GP de Espanha em 15.º

Miguel Oliveira tinha rodado a 0.8 de Joan Mir na primeira sessão de treinos livres e a quase um segundo de Fabio Quartararo na segunda sessão mas, mais do que a diferença para os primeiros, continuava a meio segundo do companheiro de equipa da KTM, Brad Binder. Na terceira sessão, esta manhã, esse fosso foi de menos de 0.2. Problema? Não foi o português a subir mas sim o sul-africano a descer. E ambos ficaram fora da Q2 perante o domínio de Ducati, Yamaha e Honda nos dez primeiros, o que fazia da Q1 uma derradeira tentativa de minimizar estragos sabendo-se da importância de sair mais à frente neste traçado.

A confirmação de que algo não estava bem surgiu no início da Q1, com Miguel Oliveira a fazer uma volta inicial e a sair de novo de pista numa altura em que Brad Binder ocupava a segunda posição apenas atrás da Honda de Pol Espargaró. E as imagens do português mostravam bem o grande descontentamento, com os responsáveis da equipa a tirarem notas perante o olhar do piloto que afastava de forma brusca um pano que tinha para limpar a viseira do capacete. Só mesmo a seis minutos do final é que o Falcão voltou, benzendo-se ao entrar de novo na pista e com a esperança possível em minimizar danos. O primeiro registo foi de 1.42,860, não contou. O segundo registo entrou no 1.38, dando a 11.ª posição. O terceiro registo até estava melhor nos dois primeiros setores mas não melhorou no final e “valeu” um 21.º lugar na grelha.

Johann Zarco e Marco Bezzecchi conseguiram saltar para a Q2 (à frente de Álex Rins, que voltou a sentir dificuldades com a sua Suzuki) num dia para esquecer da equipa de fábrica da KTM, que viu Brad Binder não ir além da 15.ª posição ainda assim quatro décimas mais rápido do que o português. Já a pole position foi para Pecco Bagnaia, a primeira num ano em que não foi além de dois quintos lugares. Fabio Quartararo e Aleix Espargaró completam a primeira linha da grelha para o Grande Prémio de Espanha.