O Governo espera lançar o concurso para a construção dos primeiros troços da linha de alta velocidade Lisboa/Porto em 2023. O ministro das Infraestruturas afirmou esta segunda-feira no Parlamento que espera iniciar as obras em 2024 que têm conclusão prevista em 2028. Pedro Nuno Santos reconhece que é arriscado dar prazos, “mas trabalhamos com prazos”.

Durante a discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2022, o ministro indicou o calendário deste projeto estruturante para o país que, diz, vai mudar de forma radical a forma como as as duas áreas metropolitanas se relacionam. Será transformador para Leiria, Coimbra e Aveiro e Braga, mas também para o interior.

“Temos a ideia errónea de que nova linha só vai beneficiar o litoral. A viagem da Guarda para Lisboa vai ter menos 47 minutos e para o Porto menos 1h19 minutos. Esta linha tem impacto no interior de Portugal”.

Na fase de respostas a mais de duas horas de perguntas feitas pelos deputados, Pedro Nuno Santos indicou que conta apresentar em breve o modelo de financiamento da nova linha, cujo investimento total está estimado em 4.500 milhões de euros. Os estudos estão ser atualizados e a avaliação ambiental começa no segundo semestre para estar concluída em 2023.

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O projeto vai começar no Porto na construção do troço até Soure, que será partido em dois troços — Porto/Aveiro e Aveiro/Soure com uma ligação à linha do Norte. Só depois estará previsto avançar com o troço entre Soure (Coimbra) e o Carregado cujas obras deverão começar em 2026 para terminar em 2030. Esta parte é “uma história mais complicada”, admitiu, mas mesmo sem esta linha nova — que irá permitir reduzir o tempo de percurso em mais alguns minutos — será possível fazer a ligação entre Lisboa e Porto em 1h15 minutos, afirmou.

Como o TGV Lisboa/Porto promete acelerar as viagens entre cidades e as voltas que deu até aqui chegar

A segunda fase será a ligação entre o Porto e Vigo, na qual disse Pedro Nuno Santos, Portugal até está mais adiantado do que Espanha. “Este é um corredor muito importante, estamos a trabalhar com as autarquias para assegurar que quando chegarmos a 2030 não venha outro ministro dizer que é daqui a três anos”.

“Ajudaria muito” ter a terceira travessia do Tejo

O corredor sul está a ser construido com a ligação entre Lisboa e Madrid concebida sobretudo para as mercadorias, mas também com tráfego de passageiros. E neste projeto, sublinha, “ajudaria muito ter a TTT (terceira travessia do Tejo) na ligação a Espanha para passageiros, mas também ao Sul. Mas não me posso comprometer com ela. É um debate que vamos continuar a fazer”. Esta ponte que esteve previsto para Chelas/Barreiro durante o tempo de José Sócrates no quadro do projeto do TGV foi suspensa há mais de dez anos por causa da crise financeira do Estado.

O ministro reconhece que a ligação a Madrid que teria feito sentido fazer era por Aveiro/Salamanca, subindo no território ainda dentro de Portugal o que garantiria também o acesso do Porto à capital espanhola. Mas essa não foi a opção — o traçado que ficou conhecido pelo T deitado foi recusado por Espanha — e a ligação que está a ser feita entre as duas capitais tem como objetivo principal o transporte de mercadorias.

Pedro Nuno Santos fez o balanço da execução dos vários projetos ferroviários, mas admitiu que não existe neste momento capacidade de reforço da oferta em linhas mais congestionadas como Sintra e Cascais. No primeiro caso é preciso aguardar pela quadruplicação da linha até Braço de Prata e Cascais aguarda pela compra de novo material circulante cujo concurso já foi lançado.

Perante o enorme fluxo de perguntas sobre variantes, nós de ligação a autoestradas e outras vias rodoviárias entre ICs e estradas nacionais, o ministro das Infraestruturas assinala que enquanto na ferrovia há fundos comunitários, já no plano rodoviário a situação é outra e a sua execução depende do financiamento nacional que não chega para tudo.