Não é fácil começar a produzir veículos, sobretudo se estamos perante um novo modelo, produzido numa fábrica nova, que por sua vez pertence a um construtor recém-criado. Já tínhamos assistido a estes problemas de juventude com o arranque da Tesla, que certamente se vão repetir com as restantes startups que se propõem construir o veículo eléctrico perfeito, seja ele um automóvel, uma pick-up, um SUV ou, até mesmo, um camião. Mas a Rivian elevou a fasquia das dificuldades para um novo nível, a ponto de assustar um gigante como a Ford, que adquiriu 11,4% da empresa.
Depois de começar a fabricar nos últimos meses de 2021, a Rivian conseguiu apenas entregar 1227 unidades da sua pick-up eléctrica, a R1T, de Janeiro a Março deste ano, o que a levou a reportar 1,59 mil milhões de dólares de prejuízo. A situação não é tão dramática quanto parece, uma vez que a Rivian está atravessar um longo período de poucas receitas e de muito investimento – montagem da fábrica e muitas necessidades de investigação e desenvolvimento –, o que explica os resultados menos bons.
Como empresa cotada em bolsa que é, a Rivian foi alvo de uma capitalização bolsista inicial, quando ainda estava a meses de produzir o seu primeiro veículo, que lhe atribuía um valor superior ao da própria Ford, o gigante norte-americano que investiu no fabricante da R1T, tal como a Amazon. Mas a realidade é que o valor das acções não pára de cair, tendo descido dos 129,95 dólares em meados de Novembro, para apenas 26,70 ontem, à hora de encerramento, o que tem vindo a assustar alguns investidores.
NEWS: Ford is selling 8 million Rivian shares, with the insider lockup for the stock set to expire on Sunday, sources told CNBC’s David Faber.
Ford currently owns 102M shares of Rivian. Ford will be selling the shares through Goldman Sachs, sources said. https://t.co/V8bPgfB4Me
— Sawyer Merritt (@SawyerMerritt) May 8, 2022
A Ford reportou prejuízos de 3,1 mil milhões de dólares no primeiro trimestre de 2022, mas a responsabilidade dessas perdas deve-se sobretudo ao investimento realizado na Rivian, pois só a queda do preço das suas acções provocou uma sangria de 5,1 mil milhões. Daí que o gigante americano tenha optado por se desfazer de 8 milhões de títulos da Rivian, dos 102 milhões (equivale a cerca 11,4% do construtor) que possuía, como forma de reduzir o impacto.
Só essa alienação de acções provocou nova queda do valor da Rivian, restando saber como procederá a Amazon, uma vez que a companhia liderada por Jeff Bezos detém 182,5 milhões de títulos, ou seja, 11,7% da Rivian.