Os restos mortais de 15 pessoas foram exumados de uma vala comum datada dos anos 1990 e agora reaberta no sul do Iraque, anunciou um responsável, admitindo que a vala possa ter uma centena de corpos.

A vala comum, perto da cidade santa xiita de Najaf, foi descoberta em abril durante a construção de um complexo imobiliário e deverá datar da era do ditador Saddam Hussein, que em 1991 reprimiu com violência uma rebelião da comunidade xiita, maioritária no sul, fazendo mais de 100.000 mortos.

Um correspondente da agência France-Presse (AFP) viu hoje, no local, num perímetro delimitado, crânios e ossos humanos numerados. “Poderá haver 100 vítimas nesta vala comum. É uma estimativa, o número poderá ser mais elevado, dada a extensão da cena do crime”, disse à AFP Abdul Ilah al-Naïli, diretor da Fundação dos Mártires, instância governamental encarregada das valas comuns e do processo de identificação.

O responsável acrescentou que a vala comum “remonta ao levantamento popular de 1991” e admitiu que dezenas de outros locais do mesmo género poderão ainda estar por descobrir. Naïli falava à margem de uma cerimónia organizada no local para marcar antecipadamente o dia nacional das valas comuns, que se assinala no país em 16 de maio.

Desde o início da guerra Irão-Iraque, em 1980, sucederam-se os conflitos no Iraque. Segundo as autoridades, nos anos 1980 e 1990, o regime de Saddam Hussein, deposto em 2003 pela invasão norte-americana, fez desaparecer mais de um milhão de pessoas, desconhecendo-se ainda hoje o paradeiro de muitas delas.

Também o grupo extremista Estado Islâmico (EI), que controlou uma parte do território iraquiano até ser derrotado em 2017, deixou mais de 200 valas comuns que poderão conter até 12 mil corpos, segundo a ONU.

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