Após duas quedas logo na primeira sessão de treinos que levaram mesmo à passagem pelo centro médico do circuito de Le Mans e de um 21.º tempo na segunda sessão, Miguel Oliveira não tinha propriamente um cenário fácil a nível de qualificação para o Grande Prémio de França e, um pouco à semelhança de Espanha, corria por uma espécie de mal menor para partir o mais à frente possível. Esse “possível” a nível de saída acabou por ser o 17.º lugar, a posição do meio na sexta linha da grelha, tendo ao seu lado o companheiro de equipa da KTM, Brad Binder, que pela primeira vez no fim de semana rodou mais lento.

Uma melhoria que só deu para ser mais rápido do que Binder: Miguel Oliveira sair do 17.º lugar no Grande Prémio de França

Esse indicador mostrou mais uma vez, como acontecera na última corrida, que os sinais promissores das provas iniciais, quando o sul-africano ficou em segundo no Qatar e o português ganhou na Indonésia, não tiveram continuidade. E mais do que as posições na grelha de partida, o problema era a incapacidade para fazer aproximar os tempos das KTM do top 10. Também por isso, os objetivos de Miguel Oliveira para a sétima prova da temporada, a terceira em solo europeu, apareciam de forma bem mais comedida.

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“A qualificação foi difícil. Encontrámos alguma velocidade mas não a suficiente para lutar por melhores posições. A equipa tem tentado perceber como podemos ser mais rápidos aqui em Le Mans mas falta-nos mais um pouco. Estamos ansiosos pela corrida de amanhã [domingo] para ver o que podemos fazer. O meu FP4 não foi muito mau, por isso lutar por alguns pontos é definitivamente o objetivo e se chover então é bem-vindo e tentaremos usá-lo em nosso proveito. Mas queremos fazer mais em seco”, comentara o piloto de Almada à sua assessoria de imprensa, olhando também para essas condições meteorológicas.

A chuva não apareceu e o arranque do Grande Prémio de França mostrou sobretudo as diferenças entre os dois pilotos da KTM: Miguel Oliveira saiu de forma mais cuidadosa, ganhando uma posição que perdeu até ao final da primeira volta, ao passo que Brad Binder arriscou tudo por fora, subindo até ao 12.º posto mas com um toque que fez voar parte de uma das asas da moto. Lá na frente, Jack Miller tinha conseguido passar Pecco Bagnaia mas eram as Ducati que dominavam por completo no início, com Aleix Espargaró e Fabio Quartararo a perderem lugares na saída para benefício de Enea Bastianini e Joan Mir.

Álex Rins, mais uma vez, foi a primeira queda de uma corrida que, depois de ter estabilizado, colocou o Falcão português num duelo muito interessante com Pol Espargaró pelo 12.º lugar (ou seja, já na zona dos pontos), ao passo que Brad Binder rodava em décimo mas com Jorge Martín a aproximar-se. Lá na frente, Bagnaia recuperou a liderança da prova, com as duas Ducati a ganharem um pequeno fosso de 0.4 sobre outra mota da marca que tentava encostar, a de Enea Bastianini. Quartararo estava em sexto.

A 18 voltas do final, Miguel Oliveira voltou a conseguir ultrapassar o espanhol da Honda, conseguiu logo na volta seguinte ganhar 0.5 a Pol Espargaró e começou a aproximar-se de Brad Binder, que entretanto caíra para 11.º por troca com Jorge Martín. Lá na frente, as Ducati já tinham mais de um segundo de avanço em relação a Joan Mir, havendo essa dúvida de como iria Jack Miller lidar com um possível sobreaquecimento dos pneus sobretudo depois de ter sido ultrapassado por Enea Bastianini. O português já rodava a 0.1 dos homens da frente mas com esse aviso dos limites de pista que obrigava a uma maior precaução. A 15 voltas do final, o que parecia impossível antes da prova aconteceu: o Falcão tinha entrado no top 10.

A distância de 2.5 segundos a Nakagami não abria muitas possibilidades de subida a Miguel Oliveira, que mantinha um bom ritmo de corrida mas com tempos semelhantes ao japonês, mas um erro de Joan Mir provocou a queda do outro piloto da Suzuki e a passagem do Falcão para a nona posição, com Brad Binder atrás em décimo e com as KTM e Pol Espargaró em luta direta pelo top 10. Na frente, Bastianini começava a pressionar Bagnaia numa luta que prometia ser até ao final mas que terminou: Bagnaia foi ultrapassado, teve depois de alargar trajetória após uma manobra arriscada e caiu mesmo na volta seguinte.

Bastianini tinha caminho aberto para a terceira vitória da temporada em sete corridas, Jack Miller ficava com o segundo lugar mais seguro e Fabio Quartararo tentava ainda superar Aleix Espargaró para chegar ao pódio no “seu” Grande Prémio. Já Miguel Oliveira rodava entre 0.5/0.4 atrás de Brad Binder, tendo ainda margem para poder chegar ao oitavo lugar mas perdeu a frente na curva 2 quando se aproximava do sul-africano a  três voltas do final e acabou mesmo por desistir, num rude golpe perante tudo o que fizera. Enea Bastianini, Jack Miller e Aleix Espargaró acabaram mesmo no pódio, com Quartararo em quarto.

Em atualização