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O amor à química, das pipetas às pipas. Assim nasce a Quinta dos Abibes

Este artigo tem mais de 2 anos

Da Universidade de Coimbra para as vinhas da Bairrada, Francisco Matel Marques, docente na Faculdade de Farmácia e à frente da Quinta dos Abibes, não tem dúvidas: o vinho é mesmo o melhor remédio.

As ruínas da casa existente foram recuperadas, mantendo-se a traça original
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As ruínas da casa existente foram recuperadas, mantendo-se a traça original

© DR

As ruínas da casa existente foram recuperadas, mantendo-se a traça original

© DR

De cada vez que Francisco Batel Marques, natural de Ílhavo, ia para a escola primária atravessava campos pejados por bandos de abibes, que “migravam no início do outono e iam-se embora no final do inverno”. Além dos particulares penachos, são as vocalizações, semelhantes a lamentos, que perduram até hoje na memória do produtor que, não indiferente ao saudosismo implícito na escolha, batizou o projeto vinícola a pensar na dita ave.

À mesa de um restaurante em Lisboa, longe da paisagem bairradina, o produtor e académico apresenta a estimada Quinta dos Abibes, uma propriedade em Aguim, no sopé da serra do Buçaco, que curiosamente foi “destino migratório” destas aves. Mas não é só a recordação de infância que justifica o nome: o facto de não ter ‘r’ na sua composição fá-lo “universal” e facilmente pronunciável em qualquer língua, o que deixa desde logo clara a aspiração em internacionalizar a quinta. Além de docente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Batel Marques lidera o projeto de monitorização da segurança das vacinas contra a Covid-19 — em Portugal, é o coordenador da participação portuguesa do projeto europeu, um consórcio de centros de 13 países, que terá a duração de três anos.

A quinta cujas referências à produção de vinho remontam ao século XVIII, e que antes de o produtor lá chegar estava abandonada há coisa de 20 anos, acolhe os 10 hectares de vinha que dão origem às referências da casa inaugurada em 2003: o primeiro vinho nasce da colheita de 2006, mas é preciso esperar até 2017 para se fazer a vindima de estreia já com a adega própria a funcionar (até lá, explica Francisco Batel Marques, o vinho era feito em instalações alugadas).

A Quinta dos Abibes abriu as portas m 2003 e começou a produzir vinho em 2006

© DR

Olhando pelo espelho retrovisor, a plantação integral da vinha, diz, resultou de uma “obra de engenharia agrícola” que incluiu drenar e preparar a terra, “bem como fazer todas as correções necessárias”. Também as ruínas da casa existente foram recuperadas, mantendo-se a traça original — no decorrer da obra foi ainda encontrada uma pia calcária com uma inscrição de 1792. As castas portuguesas Touriga Nacional e Arinto, são as estrelas da companhia, à qual acresce a Baga usada na produção de espumante. Há ainda espaço, e devoção, para duas castas com carimbo no passaporte, as francesas Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc.

Os avós de Francisco tinham uma pequena propriedade onde faziam vinho caseiro, para auto-consumo, resultante da então tradicional mistura de uvas brancas e tintas. “Recuperando a memória, penso que era branco de Bical e tinto de Baga. Misturavam tudo. É daí que vem a ligação inicial ao vinho. E eu participava em tudo, a começar logo pela poda.” Em época de vindima, diz, “adorava saltar lá para dentro e pisar uvas”. É seguindo essa lógica que afirma: “Antes de fazer vinho já o consumia”.

O monocasta Touriga Nacional Quinta dos Abibes Sublime 2015

A Quinta dos Abibes nasce da vontade de Francisco em fazer os vinhos de que mais gosta. “Se não os produzisse, seriam aqueles que gostaria de comprar”, atira, falando em características como elegância, presença de alguma fruta e adstringência pouco marcada. “Não gosto de vinho com muito baixo teor alcoólico, isto nos tintos.”

A descrição das preferências sucede a apresentação dos novos vinhos: Quinta dos Abibes Reserva 2017, (Touriga Nacional e Cabernet; estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês, metade novas e a outra metade usadas; 15 euros), Quinta dos Abibes Sublime 2015 (monocasta Touriga Nacional, também ele com um estágio de um ano em barricas de carvalho francês; 55 euros), Espumante Arinto Baga Reserva Extra Bruto 2018 (do qual apenas existem 7.500 garrafas; 16 euros) e Espumante Sublime Arinto 2011 (que pernoitou oito anos em caves; 60 euros).

Habituado às comparações que se fazem entre o vinho que produz e a matéria que ensina em sala de aula, diz que estes são, na verdade, “caminhos paralelos com alguns pontos em comum”. Não é enólogo, mas a componente química é-lhe tão familiar que, já a refeição vai no fim, quando atira que “uma adega é uma fábrica de vinhos”. E mergulhando agora nos clichés, Franciso Matel Marques confirma: sim, na opinião e experiência do professor de farmácia, o vinho continua a ser o melhor remédio, sobretudo o dele.

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