Dois anos depois, as Festas de Lisboa vão regressar à capital. De 28 de maio a 30 de junho, a cidade vai encher-se de cor e música para celebrar o santo favorito dos lisboetas e “valorizar o que Lisboa tem de melhor, não esquecendo o que é importante”.

A programação das Festas de Lisboa, apresentada esta sexta-feira ao final da manhã, na Casa do Conselho de Tomar, inclui concertos, cinema, teatro, exposições e, claro, arraiais e as Marchas Populares, que voltarão a percorrer a Avenida de Liberdade na véspera do Dia de Santo António, a partir das 21h45. A marcha convidada desta edição é a de Vale de Açor, que encabeçará o desfile.

As comemorações vão arrancar a 28 de maio, último sábado do mês, com um concerto de Tito Paris. O espetáculo, intitulado “O que nos Une”, pretende passar uma mensagem coletiva de esperança, numa altura em que, “não muito longe daqui, há cidadãos que são obrigados a deixar as suas casas” devido à guerra, disse a presidente do conselho de administração da EGEAC, a empresa de gestão cultural de Lisboa, na apresentação desta sexta-feira.

Joana Gomes Cardoso destacou a “ironia” de preparar as Festas de Lisboa nesta altura, defendendo que as celebrações podem ser encaradas “como um ato de resistência” e “uma celebração consciente do que está a acontecer”. “Foi por isso que escolhemos este mote [‘O que nos Une’, para o concerto de abertura]. Pode ser uma pergunta, uma afirmação, mas é algo que faz muito sentido neste contexto”, afirmou a presidente da EGEAC. “As festas servem para valorizar o que Lisboa tem de melhor, não esquecendo o que é importante.”

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Moedas defende que Lisboa tem de continuar aberta independentemente da Covid-19: “We are back, e não nos vamos embora!”

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que esteve presente na apresentação do programa das Festas de Lisboa juntamente com o vereador da Cultura, destacou a importância de recuperar uma tradição que deve existir para sempre. “We are back, e não nos vamos embora!”, exclamou Carlos Moedas, descrevendo o regresso como “importantíssimo”. “Não podemos voltar a fechar as cidades, que são as festas, o encontro”, defendeu.

Questionado sobre o aumento do número de casos de Covid-19 em Portugal e como isso poderá afetar as festividades, Moedas declarou que a posição da autarquia é a de manter a cidade aberta. “Lisboa tem de estar aberta. Podemos ter pessoas vacinadas e ter uma atividade normal”, afirmou, salientando que “os casos de hoje” não podem ser comparados com os casos de vagas anteriores. “Temos de nos proteger, mas estamos numa fase muito diferente”, disse ainda, defendendo o regresso à normalidade que as Festas de Lisboa simbolizam.

Moedas garantiu que, caso o Governo decida implementar novas medidas de prevenção contra a Covid-19, que a Câmara Municipal as irá acatar. Até lá, a cidade continuará “aberta”.

Referindo-se à programação, o vereador de Cultura descreveu-a como um “encontro de várias expressões artísticas e culturais”, que pretende mostrar a identidade de Lisboa, que é ao mesmo tempo uma cidade “moderna, cosmopolita e inovadora”. “Não é uma programação apenas para os lisboetas, mas para todos os que nos visitam”, explicou, destacando uma das novidades da edição deste ano: a participação das Casas Regionais, embaixadas na capital da cultura regional do país, que levarão ranchos folclóricos, tunas, bombos e fado até à Quinta das Conchas, nos dias 25 e 26 de junho.

De Tito Paris ao Parque Mayer: um mês de Festas de Lisboa

O concerto de abertura de Tito Paris, que servirá também para celebrar os 40 anos de carreira do músico, será nos jardins da Torre de Belém, pelas 22h. Tito vai receber em palco vários artistas — Cremilda Medina, Joana Amendoeira, Paulo Gonzo e Djodje –, que o acompanharão noite dentro em Belém.

Alguns dias depois, a 3, 4 e 5 de junho, arrancará as primeiras exibições das Marchas Populares, na Altice Arena, a partir das 21h. A 18 de junho, após a noite de Santo António, a Quinta das Conchas vai receber as Marchas Infantis das Escolas de Lisboa. Por essa altura, já os arraiais encheram de música os bairros tradicionais de Lisboa (começam a 2 de junho, uma quinta-feira; pode ver a lista de arraiais aqui).

As noites de fado vão regressar ao Castelo São Jorge, a 17 e 18 de junho, com Ricardo Ribeiro e o pianista de jazz João Paulo Esteves e Teresea Ladeiro em dueto com Agir e Mimir Froes. A programação deste ano das Festas de Lisboa inclui também a iniciativa Lisboa Mistura (18 e 19 de junho, Museu de Lisboa — Palácio Pimenta), a Festa da Diversidade (18 e 19 de junho, Ribeira das Naus), e o Arraial Lisboa Pride (25 de junho, Praça do Comércio).

A Quinta das Conchas vai também receber o CineConchas, que vai continuar para lá das Festas de Lisboa, até 16 de julho. “Duna”, “O Bom Patrão” e “Belfast” são alguns dos filmes que vão passar no jardim. A entrada é livre. A programação completa pode ser consultada aqui.

O encerramento das Festas de Lisboa será na Praça do Comércio, o antigo centro das festividades dedicadas a Santo António na cidade, a 30 de junho, com o espetáculo “Cheira a Lisboa”, que celebrará os 100 anos do Parque Mayer, o berço das Marchas Populares. O aniversário do recinto de teatros de revista será comemorado com uma programação especial que arrancará nesse dia.

No concerto, seis vozes portuguesas (Anabela, FF, Katia Guerreiro, Luís Trigacheiro, Lura e Marco Rodrigues) irão recriar 22 temas clássicos da música popular, acompanhados pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direção do maestro Cesário Costa. O alinhamento incluirá algumas raridades musicais, como “Santo António”, de João Villaret, que foi censurada em 1956.

As Festas de Lisboa decorrem em vários locais da cidade de 28 a 30 de junho. A programação completa pode ser consultada aqui