Seja pelas entrevistas a vários meios internacionais que vai dando (mantendo sempre o mesmo discurso a nível de momento e de objetivos), seja pelos elogios dos principais adversários, seja pela própria posição na classificação geral, João Almeida é sempre um nome a ter em conta na Volta a Itália. Foi assim em 2020, na edição em que se destacou por andar duas semanas de rosa até acabar a prova no quarto lugar. Foi assim em 2021, no ano em que terminou no top 6 de seis etapas, cinco na terceira e última semana. É assim em 2022, na estreia numa grande volta pela UAE Team Emirates com maiores ambições do que nas épocas passadas. Por isso também, esse reconhecimento é crescente e puxa também pelos portugueses.
Ainda antes da saída para a 13.ª etapa a partir de Sanremo e com chegada a Cuneo numa ligação “só” com 150 quilómetros, João Almeida juntou-se aos seus compatriotas e companheiros de equipa Rui Costa e Rui Oliveira para tirar algumas selfies com adeptos nacionais que fizeram questão de marcar presença junto da UAE Team Emirates, juntando-se també aos pais de João Almeida que, à semelhança dos outros anos, já se encontram em Itália. Depois de uma tirada na véspera descrita pelo chefe de fila como “um dia preenchido para todo o pelotão com muita gente nervosa e uma equipa da UAE Team Emirates que soube defender a sua posição”, o dia reunia todas as condições para ser um momento para respirar fundo antes das duas etapas de montanha que fecharão a segunda semana de prova, com chegadas a Turim e Cogne.
???? Selfie time with the ???????? fans. @RuiCostaCyclist @roliveira57 @JooAlmeida98 #UAETeamEmirates #WeAreUAE #Giro pic.twitter.com/UjY8w0xSt3
— @UAE-TeamEmirates (@TeamEmiratesUAE) May 20, 2022
Family time for @JooAlmeida98 at #Giro. ????????????#UAETeamEmirates #WeAreUAE pic.twitter.com/xfwOKy27wD
— @UAE-TeamEmirates (@TeamEmiratesUAE) May 19, 2022
No entanto, e como se viu bem na tirada que ligou Santarcangelo di Romagna a Reggio Emilia, todos os momentos, segundos e pormenores contam. Foi aí por exemplo, numa etapa que à partida não deveria ter grande história, que a Ineos trabalhou da melhor forma para lançar Richard Carapaz para três segundos de bonificação que colocaram o equatoriano na segunda posição da classificação geral com o mesmo tempo de João Almeida e a 12 segundos da camisola rosa de Juan Pedro López. Por isso, o corredor de A-dos-Francos tinha esse aviso na tentativa de pelo menos guardar o terceiro lugar antes de um fim de semana com potencial para promover uma alteração da liderança do Giro (para quem era a grande dúvida).
Depois de uma primeira tentativa de fuga anulada logo nos quilómetros iniciais, um grupo constituído por cinco corredores (Nicolas Proghomme, Filippo Tagliani, Julius Van der Berg, Mirco Maestri e Pascal Eenkhoorn) conseguiu mesmo descolar e promover o primeiro corte do dia, com mais de três minutos de avanço quando se ia apenas no 20.º quilómetro de uma etapa com muito calor que subiram a quase cinco minutos e meio a 100 quilómetros da meta. Todavia, a notícia do dia era outra, má para a DSM e “positiva” para João Almeida: Romain Bardet, francês que no Blockhaus tentou o ataque final na subida e que foi espreitando nas últimas tiradas a conquista de bonificações, foi forçado a abandonar a prova quando seguia na quarta posição da geral individual a dois segundos de Carapaz e Almeida e a 14 de Juanpe López.
We are sad to confirm that @romainbardet has abandoned the #Giro. After becoming sick during yesterday’s stage, his condition worsened overnight and despite all efforts, he is no longer in a position to continue the race.
???? pic.twitter.com/2ltgLyQuGk
— Team dsm-firmenich PostNL (@dsmfirmpostnl) May 20, 2022
A fuga continuava o seu percurso passando os seis minutos de vantagem mas as conversas passavam na totalidade pelo impacto da saída de Bardet das contas. Logo à partida, era bom para o português até numa perspetiva de obtenção de top 3 e essa parecia ser a principal nota mas havia depois muitas conjeturas que podiam ser feitas a partir daí. Carapaz e/ou Mikel Landa iriam ganhar mais fôlego para irem para a frente sem o francês? Thymen Arensman, o melhor posicionado da DSM, ainda teria uma palavra a dizer? Jai Hindley (que tinha ainda Emanuel Buchmann também da Bora no top 10), Guillaume Martin ou Domenico Pozzovivo redobravam as esperanças de subida na geral? Uma coisa é certa e ninguém tinha dúvidas: a corrida poderia mudar em parte as suas características, podendo ser ainda mais tática do que já ia ser.
Voltando à corrida, já sem Filippo Tagliani na frente, a vantagem dos fugitivos descia para quatro minutos, Démare reforçava a vantagem na classificação dos pontos com mais três no sprint intermédio e Diego Rosa continuava com o mesmo avanço na classificação da montanha que não sofreu alterações. E para não fugir à regra, também as bonificações em San Michele di Mondovi ficaram entre os fugitivos, mostrando ainda longe da meta que o dia podia ou não ser decidido ao sprint mas as principais equipas estariam sobretudo a rolar e a pensar nos objetivos seguintes apesar das quebras por causa do vento. Foi mesmo. E Démare somou aquele que foi o terceiro triunfo no Giro de 2022, sem mexidas nas diferenças da geral.