O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, apelou esta sexta-feira à Suécia e à Finlândia para que tomem medidas concretas que permitam ultrapassar o veto da Turquia à sua adesão à NATO.

Cavusoglu disse em Ancara que a Turquia espera agora respostas às suas preocupações de segurança, depois de as ter transmitido a delegações dos dois países nórdicos que se deslocaram esta semana à capital turca.

“Espero que a Finlândia e a Suécia compreendam as nossas mensagens”, disse Cavusoglu durante uma conferência de imprensa após conversações com os seus homólogos polaco, Zbigniew Rau, e romeno, Bogdan Aurescu, citado pelas agências norte-americana AP e espanhola Europa Press.

Na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Suécia e a Finlândia decidiram acabar com a sua política histórica de não-alinhamento e apresentaram uma candidatura à NATO, em 18 de maio.

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A adesão tem de ser aprovada por todos os membros da NATO, mas Ancara ameaçou vetar os dois países nórdicos pelo alegado apoio que dão a grupos curdos que considera terroristas e por restrições à venda de armas à Turquia.

Cavusoglu disse que a Turquia exige também que a NATO inclua no seu novo Conceito Estratégico o compromisso de “luta contra o terrorismo em todas as suas formas”.

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A NATO vai discutir as candidaturas dos dois países nórdicos e o novo Conceito Estratégico na cimeira de Madrid, em junho.

Cavusoglu avisou que “uma abordagem de convenceremos a Turquia a tempo de qualquer maneira, somos amigos e aliados não é correta” e insistiu que os dois países “precisam de tomar medidas concretas”.

“Estes países devem deixar de apoiar o terrorismo, e as restrições contra a nossa indústria de defesa devem acabar”, disse.

Cavusoglu acrescentou que Ancara compreende as preocupações de segurança da Suécia e da Finlândia, mas “todos precisam também de compreender as legítimas preocupações de segurança da Turquia”.

Na mesma conferência de imprensa, o chefe da diplomacia polaca, Zbigniew Rau, mostrou-se confiante de que não será necessário esperar anos ou meses para Suécia e Finlândia se tornarem membros da NATO.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros da Roménia, Bogdan Aurescu, disse que a adesão dos dois países nórdicos irá “consolidar a defesa coletiva”.

O chamado Conceito Estratégico estabelece as linhas gerais da ação da Aliança Atlântica e a proposta a discutir em Madrid destina-se a substituir o documento atualmente em vigor, que foi adotado na cimeira de Lisboa, em 2010.

A Turquia aderiu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) em 1952, a Polónia é membro desde 1999, e a Roménia desde 2004.

As autoridades russas reagiram à candidatura sueca e finlandesa à NATO com o anúncio da criação de 12 bases na fronteira ocidental da Rússia até ao final do ano.

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A Rússia partilha uma fronteira terrestre de 1.340 quilómetros com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia.

A guerra na Ucrânia, que entrou esta sexta-feira no 93.º dia, provocou um número ainda por determinar de vítimas, mas que diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado.