“Mais do que tudo, trata-se de acabar aquilo que comecei”

Sem que a família soubesse, muito menos a mãe para quem estava destinada a surpresa, Stephen Curry voltou aos estudos do Davidson College mais de uma década depois de ter deixado a parte académica em busca do sonho de vingar na NBA. Pelo meio, foi três vezes campeão na Liga americana, duas ocasiões campeão mundial pelos EUA, oito vezes All-Star e bateu recordes histórico como o maior número de triplos convertidos. No entanto, havia outro “jogo” que não tinha esquecido e durante quatro meses teve quase uma vida paralela entre os dois campos. No ensino, ganhou; no basquetebol, apurou-se para a final.

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O San Francisco Chronicle dava alguns exemplos de como o atirador conseguia conciliar tudo. Recuando até final de fevereiro, contou um dia normal de treinos que sofreu um ligeiro atraso, a corrida para entrar no autocarro da equipa, a pressa para chegar ao quarto e o entrar numa ligação Zoom com Clark Ross, um professor de Economia que lecionava uma das poucas cadeiras ainda em falta no bacharelato em Artes com especialização em Sociologia que deixara a um semestre de estar concluído. Foram quatro meses assim, entre ligações via computador a professores e os compromissos com os Golden State Warriors.

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Em pleno Dia da Mãe, a ligação com Sonya pelo FacedTime foi diferente. “Mãe, acabei o curso”, contou após receber a nota da tese que versava sobre a equidade de género através do desporto. “Sonho realizado! Turma de 2010… 2022… mas conseguimos! Obrigado a toda a comunidade que me ajudou a cruzar a linha de meta. Fiz a promessa quando aí e tive de cumprir, sou oficialmente formado pelo Davidson College. Mãe, conseguimos!”, anunciou depois nas redes sociais sobre o feito alcançado no início de maio. Mesmo não estando presente na cerimónia dos “canudos” por coincidir com a final da Conferência Oeste com os Dallas Mavericks, foi representado por um cartaz que recordava os tempos antes da ida para a NBA.

“Mais do que tudo, trata-se de acabar aquilo que comecei”, destacou. E essa frase não se aplica apenas ao curso, como se viu em mais um capítulo da final da NBA entre os Warriors e os Boston Celtics.

No jogo 1, Steph Curry tornou-se o primeiro jogador a marcar seis triplos num só período num encontro a contar para a final da NBA mas nem isso acabou por chegar para manter o fator casa perante um quarto período em que a equipa de Boston, tendo Al Horford como herói improvável, conseguiu inverter os 12 pontos de desvantagem para uma vitória por 120-108. No jogo 2, realizado esta madrugada, o base voltou para terminar o que começara, com mais uma exibição de MVP que igualou a eliminatória (107-88).

Depois do intervalo que chegou com os conjuntos a uma posse de distância (52-50), os Warriors tiveram um terceiro período de sonho com um parcial de 35-14 que resolveu por completo o encontro e permitiu que Curry se tornasse apenas no terceiro jogador com uma média de 25 pontos, cinco ou mais ressaltos e cinco ou mais assistências depois de Michael Jordan e LeBron James. Mais: ao marcar mais cinco triplos neste jogo 2 da final, o base de 34 anos conseguiu pela quinta vez marcar 70 ou mais lançamentos de três nos playoffs, outro registo numa exibição com 29 pontos dos quais 14 marcados no terceiro quarto.