Eram duas das franquias fundadoras da NBA há 75 anos. Eram duas das equipas com mais títulos na NBA, com os Boston Celtics a poderem de novo superar os Los Angeles Lakers e os Golden State Warriors a terem a oportunidade de igualar os Chicago Bulls na terceira posição. Eram dois dos coletivos com mais armas no plano ofensivos mas que eram das melhores defesas da prova em termos estatísticos. Eram dois, dois, dois e mais dois mas de quem mais se falava era de um. Um, um e sempre aquele um mesmo que muitas vezes não se propriamente visto como um número um, algo que nunca afetou em demasia o próprio.

A forma como os Celtics afastaram os campeões em título Milwaukee Bucks e os melhores da fase regular de Este Miami Heat funcionava como cartão de visita para este regresso às finais 12 anos depois da derrota no jogo 7 com os Lakers mas havia alguns destaques individuais como Jayson Tatum e os escudeiros mais fiéis também na luta ofensiva, Jayden Brown e Marcus Smart. Do outro lado, os Warriors conseguiram algo que apenas três dinastias tinham conseguido, chegando a seis finais em oito anos à semelhança do que aconteceu com Jordan (Chicago Bulls), Magic (LA Lakers) e Bill Russell (Celtics). Com Klay Thompson, com Daymond Green, com Kevon Looney, com Andrew Wiggins. Mas só se falava sempre num.

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Depois de se ter tornado bacharel em Artes com especialização em Sociologia 13 anos após o início desse curso, naquela que foi uma promessa que fizera à mãe, Steph Curry era o centro de todas as atenções, a ponto de haver publicações, como a Sports Illustrated, a colocar em equação aquilo que poderia ser “uma nova definição de domínio” perante os números do atirador que esta temporada se tornou o recordista de sempre de lançamentos triplos da NBA. E Steve Kerr, um treinador habituado aos melhores entre todos os melhores, a destacar um ponto entre o atirador e Tim Duncan enquanto exemplos de liderança: “São humildes, com humor e muito alegres nos bastidores, com um pouco de arrogância no jogo”.

O primeiro período mostrou bem o que é Steph Curry enquanto jogador, líder e exemplo: após ter falhado o primeiro lançamento tentado, arriscou de novo o triplo na mesma jogada, acertou, iniciou aí uma série de 75% de eficácia nos tiros exteriores, tornou-se o primeiro de sempre a marcar seis triplos num só período numa final da NBA e levava já 21 pontos nos 12 minutos iniciais que terminaram com os Warriors na frente por 32-28. A vantagem chegou mesmo a ser de dez pontos nos minutos seguintes (já com Curry de fora a descansar) mas os Celtics conseguiram recuperar e saíram a ganhar ao intervalo (56-54).

O carrossel de emoções e variações de resultado estava ainda a começar, num jogo 1 da final que mostrou a veia ofensiva das duas equipas perante as defesas que tiveram recordes este ano. E aquilo que seria menos provável dentro do contexto aconteceu mesmo: após ter saído a perder por 92-80 no final de um terceiro período que voltou a ser o pior da equipa, os Celtics entraram no último quarto com sete triplos seguidos, ganharam o encontro e tornaram-se a primeira equipa numa final a perder por dois dígitos no terceiro parcial e a ganhar depois por dois dígitos no final (120-108), o que mostra a recuperação da equipa.

Curry terminou de forma natural como o melhor marcador do jogo com 34 pontos, secundado por Andrew Wiggins com 20 e Klay Thompson com 15 (Draymond Green teve a habitual importância nas tabelas mas acabou o jogo com dois lançamentos convertidos em 12 tentados, Looney ficou também pelos quatro pontos). No lado contrário, com Tatum mais discreto mas com 13 assistências, Marcus Smart (18 pontos e grande relevo na defesa), Jaylen Brown (24 pontos) e Derrick White (21 pontos) estiveram em destaque mas a grande figura foi Al Horford, jogador de 36 anos que tinha o recorde de 141 jogos no playoff mas nunca nenhum na final e que mostrou com 26 pontos e seis ressaltos que nunca é tarde para ser feliz.