Dezoito pessoas diagnosticadas com cancro colorretal entraram em remissão completa depois de terem participado no ensaio clínico de um novo medicamento. Um resultado inédito, considerou o autor do estudo que foi publicado este domingo no New England Journal of Medicine, ao jornal norte-americano New York Times.

Os pacientes com cancro colorretal, por norma, são submetidos a tratamentos, como quimioterapia, radioterapia, e ainda a intervenções cirúrgicas. Esta cirurgias podem levar a disfunções erétil, na bexiga e no trato urinário e até a colostomias, uma abertura criada no cólon para o exterior de modo a permitir a saída de conteúdo fecal. Os doentes deste estudo, patrocinado pela farmacêutica GlaxoSmithKline, não foram submetidos a estes tratamentos ou intervenções cirúrgicas, mas estavam a contar que isso acontecesse após o ensaio clínico, o que acabou por não ser necessário.

Depois de seis meses a tomar, três vezes por semana, o dostarlimab, não havia sinais de tumor nos vários exames a que foram submetidos — endoscopia, ressonância magnética, entre outros. Este medicamento, que tem um custo de cerca de 10 mil euros (11 mil dólares) por dose, torna as células tumorais detetáveis permitindo assim ao sistema imunitário identificá-las e destruí-las.

“Acho que é a primeira vez que isto acontece na história do cancro“, afirmou o autor do estudo Luis A. Diaz Jr., do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, ao New York Times. Também Alan P. Vennok, especialista em cancro colorretal da Universidade da Califórnia e que não participou no estudo, confessou que nunca ouvira falar num estudo onde se tivesse verificado uma remissão completa em todos os doentes.

Contudo, ainda é cedo para se saber se estes doentes estão efetivamente curados: “Sabe-se muito pouco sobre quanto tempo será necessário para perceber se a resposta clínica do dostarlimab equivale à cura”, sublinhou Hanna K. Sanoff do Lineberger Comprehensive Cancer Center, da Universidade da Carolina do Norte.

Segundo dados da Liga Portuguesa Contra o Cancro, o cancro colorretal é “a doença oncológica com mais incidência anual em Portugal”, registando-se mais 10 mil casos por ano, e é a “segunda causa de mortalidade por cancro no país”.

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