O antigo presidente do Benfica Luís Filipe Vieira garantiu, esta terça-feira, que foram agentes da Autoridade Tributária que almoçaram consigo antes de o deter em julho de 2021, esclarecendo uma polémica que começou numa entrevista à CMTV.

Na segunda-feira, o antigo dirigente encarnado disse que só depois do almoço, que garantiu ter sido na companhia “dos inspetores”, é que ficou a saber que iria ser detido: “Fizeram buscas no meu gabinete, no meu quarto, até nos tetos falsos andaram a mexer. Não sei do que andavam à procura. Fizeram buscas na minha casa, na casa do meu filho. Fui para a minha casa. Almoçaram comigo dois ou três inspetores, na minha casa. Se eu ia almoçar, podiam almoçar comigo”.

A frase proferida durante a entrevista à CMTV causou polémica visto que não esclarecia a que força pertenciam os referidos elementos. Esta terça-feira ao Observador, a PSP — órgão de polícia criminal que juntamente com a Autoridade tributária coadjuvou o Ministério Público — desmentiu terem sido elementos da sua força a almoçar com Vieira. Por sua vez, a Polícia Judiciária fez saber que nem sequer participou na operação, rejeitando qualquer situação envolvendo os seus inspetores.

Vieira e o suposto almoço com inspetores. PSP rejeita que agentes tenham comido com arguido, PJ lembra que nem esteve nas buscas

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Igualmente contactadas pelo Observador, nem Procuradoria Geral da República, nem Autoridade Tributária responderam às questões colocadas. Ora, segundo explicou Vieira, foram elementos deste último órgão que almoçaram consigo.

De regresso à CMTV, para a continuação da entrevista, foi confrontado com o tema pelo jornalista João Ferreira, que assumiu a “falha” de ter falado em inspetores e referiu terem sido “agentes, elementos da Autoridade Tributária”. “O meu amigo ofereceu almoço a elementos da Autoridade Tributária. Só depois do almoço é que o avisaram que ia ser detido…”, diz o jornalista. A resposta de Vieira é simultânea. Ao mesmo tempo que acena a cabeça em sinal de concordância, diz: “Sim… Que ia ser detido”.

Luís Filipe Vieira foi detido no âmbito de uma investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco e está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.