A rutura no fornecimento de ajuda alimentar ao norte de Moçambique foi adiada por dois meses, mas continua iminente devido à falta de fundos, disse esta quinta-feira fonte do Programa Alimentar Mundial (PAM), em resposta a questões colocadas pela Lusa.
“Se novos fundos não forem recebidos urgentemente, o PAM corre o risco de ter de interromper a assistência que salva vidas em agosto de 2022″, anunciou a agência das Nações Unidas.
Em abril, o PAM foi obrigado a emagrecer os cabazes entregues aos deslocados da insurgência armada que afeta Cabo Delgado, norte de Moçambique, e alertou para uma possível rutura em junho.
A interrupção foi evitada, mas o racionamento dos cabazes continua.
“Devido à redução de fundos, o PAM foi obrigado a cortar pela metade a cesta alimentar entregue, o que significa que [os beneficiários] recebem comida para suprir menos de 40% das suas necessidades calóricas”, explicou.
“O PAM precisa urgentemente de 86 milhões de dólares (80,4 milhões de euros) para prestar assistência alimentar a 940 mil pessoas no norte nos próximos seis meses”, ou seja, até ao fim do ano, detalhou.
A população, em que cerca de metade são crianças e jovens, foge e deixa tudo o que tem, procurando refúgio em zonas seguras de Cabo Delgado, Nampula e Niassa.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.