O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas anunciou esta terça-feira que, perante a falta de financiamento, não vai poder ajudar um terço da população do Sudão do Sul, 7,7 milhões de pessoas, em situação de fome.
“Estamos muito preocupados com o impacto dos cortes no financiamento dos fundos nas crianças, nas mulheres e nos homens que não terão o suficiente para comer durante a época de escassez”, explicou o diretor do PAM no país, Adeyinka Badejo, citado num comunicado pela agência de notícias EFE.
A falta de financiamento surge numa altura em que 60% da população neste país africano sofre de insegurança alimentar severa devido às secas, conflitos internos e ao aumento dos preços causados pela guerra na Ucrânia.
Antes de decidir cortar as ajudas, que afetaram 178 mil alunos que recebiam as refeições na escola, um lugar vital para assegurar pelo menos uma refeição, esta organização reduziu as quantidades de comida disponibilizadas durante 2021.
O PAM advertiu que, sem os 426 milhões de dólares (cerca de 408 milhões de euros), já pedidos para atender às necessidades de 6 milhões de pessoas, “a mortalidade, a má nutrição e o atraso no crescimento e as doenças” aumentarão drasticamente”.
O PAM já tinha dito esta terça-feira que precisa de 408 milhões de euros nos próximos seis meses para evitar uma situação de fome no Sudão do Sul, alertou o diretor nacional da organização no país.
“Já estamos em crise, mas precisamos de retomar a distribuição da ajuda em áreas onde fomos forçados a suspendê-la, para evitar que as pessoas passem fome, e para o fazer precisamos de 426 milhões de dólares [408 milhões de euros] nos próximos seis meses”, disse Adeyinka Badejo, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O país mais jovem do mundo, o Sudão do Sul vive uma instabilidade crónica desde a sua independência do Sudão, em 2011.
Entre 2013 e 2018, precipitou-se numa sangrenta guerra civil entre os inimigos políticos Riek Machar e Salva Kiir, que resultou em quase 400.000 mortos e milhões de deslocados.
Um acordo de paz assinado em 2018 levou à divisão do poder num governo de unidade nacional empossado em fevereiro de 2020, com Kiir como Presidente e Machar como vice-presidente.
Todavia, muitas das disposições continuam em grande parte por cumprir, principalmente devido à persistente tensão entre os dois.