O ministro da Administração Interna atira a responsabilidade de uma nova situação de caos no aeroporto de Lisboa, como a que se verificou no domingo passado, para o SEF e diz que repetição significará a demissão dos responsáveis. Numa entrevista ao jornal Público, José Luís Carneiro afirmou que a acumulação de passageiros no aeroporto em filas com elevados tempos de espera se deveu a uma “falha” do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto que não se pode repetir e também garante que o plano de contingência do Governo estará implementado até ao dia 4 de julho.

A primeira fase do plano passa pelo reforço de meios do SEF no aeroporto, com elementos da PSP, inspetores do SEF e também através da “mobilização de recursos humanos do SEF, de outras unidades orgânicas”. O reforço, assume Carneiro, foi antecipado em 8 a 15 dias, por decisão do Governo para evitar um novo caos no aeroporto da capital do país. Nesse dia, o ministro diz que quem falhou foi “a equipa que estava no aeroporto para a direção nacional” e que não passou informação sobre a necessidade de mobilizar o plano de contingência que o ministro assegura que estava preparado.

“Tínhamos dois diretores nacionais adjuntos, na quarta-feira foi designado mais um, que está concentrado exclusivamente no que se está a desenvolver nos aeroportos nacionais e muito particularmente no aeroporto de Lisboa, e que tem como principal missão supervisionar a implementação do plano de contingência”, explicou ao Público. “Não se podem repetir falhas desta natureza. Uma falha desta natureza tem que levar à substituição imediata de quem tem essa responsabilidade no aeroporto”, afirmou o ministro dando conta que já o disse à Direção Nacional do SEF.

Apesar de assumir a “falha”, o ministro também diz que, neste momento, a Europa já tem “um pico de procura que, em horas determinadas, já ultrapassa os picos de procura de 2019” e que a pandemia também trouxe “dispensa de pessoal” que terá de ter “competências específicas” que José Luís Carneiro considera difíceis de encontrar.  E é difícil contratá-los. No caso do aeroporto de Lisboa, aquilo que nós podemos dizer é que há aqui hoje uma maior procura do SEF. Além disso, o ministro socialista diz que naquele dia específico “foram detetados documentos falsos e declarações que não eram válidas à luz da lei”, que levaram os agentes do SEF a terem de sair de algumas das 16 boxes de atendimento.

O ministro socialista é questionado sobre a necessidade de avançar com o novo aeroporto de Lisboa, um debate de décadas que José Luís Carneiro diz ser “uma prioridade do Governo desde a primeira legislatura”. Neste capítulo, o socialista repete o que tem sido dito pelo primeiro-ministro sobre o assunto, referindo a necessidade de “um amplo consenso social”, atirando para Rui Rio a responsabilidade de não ter existido um avanço na localização do novo aeroporto no Montijo. “Não mostrou disponibilidade de apoio à solução”, diz Carneiro que aguarda uma conversa já em julho entre o primeiro-ministro e o novo líder do PSD, Luís Montenegro. Secunda o ministro das Infraestruturas no entendimento de que se o país tivesse “uma infraestrutura aeroportuária com outro potencial, estaria hoje a aproveitar oportunidades de captação de turistas para o país que, por impossibilidade do aeroporto, não estão a ser devidamente aproveitadas.”

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