Cerca de três meses depois de terem anunciado que pretendiam se aliar para explorar em conjunto negócios na área da mobilidade, Sony e Honda avançam com a joint-venture que lhes permitirá criar, ainda este ano, a Sony Honda Mobility Inc.

A nova empresa, detida em partes iguais por cada uma das empresas nipónicas e com um capital de 10 mil milhões de ienes, será sedeada em Tóquio e dirigida por Yasuhide Mizuno. Para 2025 está anunciado o lançamento do primeiro veículo eléctrico com genes mistos, fruto desta associação em que cada uma das companhias contribui para o resultado final com a sua especialidade.

Assim, a Honda assegurará essencialmente o desenvolvimento e a produção, contribuindo ainda com a experiência na gestão dos serviços pós-venda, ao passo que à Sony é confiado tudo aquilo que esteja relacionado com tecnologias de imagem, sensores, telecomunicações, redes e entretenimento. Unindo forças naquilo em que são melhores, Honda e Sony pretendem “liderar o caminho numa nova era” da mobilidade, nas palavras de Yasuhide Mizuno.

Este acordo de joint-venture representa a linha de partida a partir da qual embarcamos no grande desafio de revolucionar a mobilidade e criar novo valor. Planeamos alavancar totalmente os activos tecnológicos que as duas empresas possuem em diferentes campos, para propor soluções de mobilidade e serviços que inspirem e empolguem os nossos clientes”, destacou o futuro CEO da Sony Honda Mobility.

Recorde-se que o construtor de automóveis japonês tem no Honda “e”, de momento, o único modelo 100% a bateria da sua gama e, segundo o que comunicou em 2021, só conta vender exclusivamente veículos eléctricos em todo o mundo em 2040. No entanto, anunciou que pretende introduzir globalmente 30 novos modelos zero emissões até 2030, com um volume de 2 milhões de unidades. Isso contempla não só lançamentos com base na nova Honda e:Architecture, a partir de 2026, como também modelos “mais acessíveis”, a partir de 2027, desenvolvidos em parceria com a General Motors (GM).

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Já a Sony há algum tempo que ensaia a sua entrada na mobilidade eléctrica, tanto mais que já apresentou dois protótipos. O primeiro surgiu em 2020, no Consumer Electronics Show (CES) de Las Vegas, tratando-se de uma berlina com uma plataforma especificamente projectada para receber baterias pela Magna Steyr. Os austríacos também asseguraram a produção do protótipo funcional, mas não foram os únicos a serem arregimentados para o projecto. Continental, ZF, Bosch, Nvidia e Qualcomm contribuíram igualmente para fazer do Vision-S uma montra tecnológica, com um interior repleto de ecrãs (tipo Honda “e”) e dois motores eléctricos, cada um com 200 kW (272 cv), para assegurar tracção integral, 240 km/h de velocidade máxima e 0-100 km/h em 4,8 segundos.

Também no CES, mas este ano, a gigante japonesa que se popularizou pelas televisões, smartphones e consolas voltou à carga com um segundo protótipo eléctrico, o Vision-S 02. Trata-se de um SUV de sete lugares que partilha os órgãos essenciais com o 01, da plataforma aos motores eléctricos, passando pelo hardware e software para a condução autónoma (“nível 2+”). De resto, até o comprimento e a distância entre eixos da berlina e do SUV são iguais, com este último a diferenciar-se por conta de uma maior distância ao solo.

Este é o esboço do Prologue, o primeiro SUV eléctrico da Honda com tecnologia da GM, que o construtor nipónico vai lançar em 2024. A meta, só para a América do Norte, é vender quase 500.000 veículos eléctricos até 2030

Resta saber se as versões definitivas destes dois protótipos vão ser trabalhadas agora em conjunto, com a Honda a assegurar o fabrico, ou se a Sony vai beneficiar, por extensão, do facto de o construtor japonês ter negociado com a General Motors o acesso à plataforma dedicada Ultium, bem como às baterias, para lançar o seu primeiro SUV eléctrico, o Prologue, previsto para 2024. Certo mesmo é que, à partida, as duas empresas japonesas se propõem a lançar mais do que veículos eléctricos, abrindo igualmente a porta a serviços na área da mobilidade. Seja como for, a joint-venture asiática ainda está sujeita à aprovação das entidades reguladoras.