Todas as empresas têm “um plano até uma devastadora pandemia global” aparecer. Com a Web Summit não foi diferente. A Covid-19 cancelou os eventos presenciais daquela que é considerada uma das maiores feiras de tecnologia do mundo e pôs fim ao “crescimento imparável” que a mesma diz que apresentava.
Durante uma década, de 2009 a 2019, a Web Summit afirma que só cresceu. Em 2020, o ano em que a pandemia assolou o mundo, “os tempos bons e relativamente fáceis chegaram a um impasse”. Do boom do crescimento até à conferência ficar “à beira da falência” foi um instante, afirma Paddy Cosgrave numa nota publicada no LinkedIn.
Descrevendo os “últimos dois anos” como os “mais difíceis” da sua vida, o CEO da Web Summit conta que a feira tecnológica “quase faliu em 2020”. “As nossas receitas caíram em mais de 30 milhões de euros. Tivemos uma grande perda pela primeira vez na nossa história. Chegámos perto da catástrofe”, acrescenta.
Face ao impacto económico que a Covid-19 estava a ter nos negócios, as empresas “estavam a demitir 50, 60 e às vezes 90% dos seus funcionários”, mas Paddy Cosgrave diz que a Web Summit fez o oposto e manteve “absolutamente todos” os trabalhadores. O empresário irlandês garante ainda que como os “organizadores estavam a cancelar eventos e a recusar-se a devolver o dinheiro aos participantes”, a feira tecnológica ofereceu a todos o que compraram bilhetes para os seus eventos “reembolsos completos e imediatos”.
Foi sem dúvida o ano mais stressante que já vivi”, revela Paddy Cosgrave.
Apesar disso, o empresário irlandês recorda o esforço feito para que os eventos fossem realizados em formato online. Em 2020, a Web Summit foi 100% virtual devido ao aumento de casos de Covid-19 na Europa e em 2021 regressou presencialmente a Lisboa, capital portuguesa onde está previsto manter-se até 2028. Portugal é, assim, o país anfitrião da conferência de tecnologia, que no próximo ano também terá um evento regional no Rio de Janeiro.
Web Summit avança para o Rio de Janeiro em 2023. Lisboa mantém evento na Europa
“Com cerca de 220 funcionários, navegámos pelas profundezas da pandemia e chegámos ao outro lado, mais fortes do que antes.” O “outro lado” é o que a Web Summit chama de “regresso triunfante” a Toronto com o Collision, evento que decorre entre esta segunda e esta quinta-feira. No Canadá são esperados 35 mil visitantes, mais 40% do que em 2019, a última vez que a conferência se realizou presencialmente.
Collision, evento irmão da Web Summit, leva startups portuguesas a Toronto
O local que acolhe o evento irmão da Web Summit, o Toronto Enercare Centre, também aumentou de tamanho tendo passado, num ano, de pouco menos de 50 mil metros quadrados para mais de 77 mil. São esperadas no Collision cerca de 50% mais startups do que em 2019 — leque em que se incluem as mais de 30 empresas portuguesas.
Depois da “quase falência”, a Web Summit declara, na nota publicada por Paddy Cosgrave, que chegou a um “novo boom” referindo que, em comparação com 2020, no final de 2021 as receitas cresceram 83%, o aumento “mais rápido” da história da conferência.
Este ano está no caminho certo para ser o melhor de todos os tempos em receita”, pode ainda ler-se no comunicado.