Surpreendido quando estava na esplanada de um hotel em Budapeste, na Hungria, numa altura em que o segurança que o acompanhava tinha ido à casa de banho, o ex-major brasileiro Sérgio de Carvalho, conhecido como “Escobar brasileiro”, foi capturado esta terça-feira pela polícia. A notícia está a ser avançada pelo Jornal de Notícias e o Correio da Manhã.
O ex-major da Polícia Militar brasileira é considerado um dos maiores traficantes de cocaína do mundo e estava fugido das autoridades portuguesas há cerca de dois anos. Em 2020, as autoridades portuguesas e brasileiras apreenderam 11,7 milhões de euros numa carrinha em Lisboa e perto de 40 aviões no Brasil, iniciando uma investigação ao narcotraficante. Foi agora encontrado na Hungria com um passaporte mexicano falsificado. A detenção resultou de uma colaboração de polícias de diferentes países, incluindo a PJ portuguesa, e a Europol.
Antes de ir para a Hungria, Sérgio de Carvalho, de 62 anos, morou em Lisboa durante quase dois anos sem ser detetado, mesmo tendo mandados de captura internacionais. Na capital portuguesa, usou três identidades falsas e viveu em dois apartamentos, entre 2019 e 2020, que valeriam cerca de 2,5 milhões de euros — na Avenida da Liberdade e na Avenida da República.
No final de 2020, voltou a escapar ao radar das autoridades numa operação de buscas e detenções feita pela Polícia Federal brasileira e polícias europeias. O JN diz que, desde essa altura, circulavam rumores de que o narcotraficante, de nacionalidade brasileira, tenha estado nos Açores ou no Dubai.
O Correio da Manhã adianta, por sua vez, que Sérgio de Carvalho deverá ser extraditado para o Brasil, mas julgado em Portugal por branqueamento. O ex-major já tinha estado preso duas vezes no Brasil por tráfico de droga. A Polícia Federal acredita que a rede do narcotraficante enviou, desde 2017, 50 toneladas de cocaína para a Europa, no valor de 360 milhões de euros.
O JN contava, no início do ano passado, que depois de cumprir pena no Brasil, Sérgio de Carvalho morou em Espanha, onde assumiu uma identidade falsa: Paul Wouter, um empresário da Guiana, com passaporte do Suriname. Aí viu o negócio crescer, mas não passou despercebido por muito tempo: as autoridades espanholas viriam a investigá-lo e foi feito um pedido de prisão de 13 anos e seis meses. Mas o inquérito chegou ao fim após a notícia, dada falsamente pelo seu advogado, da morte do narcotraficante por Covid-19. Nessa altura, conta o jornal, o “major” já estaria em Portugal.
Sérgio de Carvalho também foi notícia em março do ano passado porque a Polícia Judiciária e a Polícia Federal brasileira acreditavam que os mais de 500 quilos de cocaína apreendidos no Brasil a bordo de um jato privado, onde seguia o antigo presidente do Boavista, João Loureiro, pertenciam à rede do ex-major.
Autoridades acreditam que droga de avião de João Loureiro viria do “Escobar brasileiro”