As palavras são do vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão: o homicídio do jornalista britânico Dom Phillips, na Amazónia, tratou-se de um “dano colateral”, uma vez que o ataque visava o ativista indígena Bruno Araújo Pereira.

Hamilton Mourão admitiu a possibilidade de o crime ter sido encomendado por alguém que, uma tese que a Polícia Federal tem rejeitado. “Vai aparecer, se há um mandante. Se há um mandante, é comerciante da área que estava a sentir-se prejudicado pela ação principalmente do Bruno e não do Dom. O Dom é dano colateral”, disse, na segunda-feira, aos jornalistas, no Palácio do Planalto. Mourão apelidou a morte dos dois homens como uma “morte estúpida” e insistiu na possibilidade de os autores do crime se sentirem ameaçados pelo ativismo de Bruno Araújo Pereira na região.

Detido terceiro suspeito do homicídio de Dom Phillips e Bruno Araújo

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Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira regressavam de uma viagem na Amazónia brasileira perto da fronteira com o Peru e a Colômbia, quando desapareceram. Segundo o The Guardian, Phillips estava a trabalhar num livro sobre desenvolvimento sustentável com o título “Como Salvar a Amazónia”, e Pereira, que tinha ligações a grupos indígenas locais, ajudava com as entrevistas.

Testemunhas dizem ter visto o ativista ser ameaçado no dia anterior ao desaparecimento por alguns homens que, de acordo com o jornal, estariam preocupados com a divulgação de provas detidas por Bruno Araújo Pereira que davam conta de práticas ilegais de pesca na região.

“É uma região pobre. Atalaia do Norte é um município de 20 mil habitantes, com carências inúmeras. As pessoas vivem de um pequeno comércio, do Fundo de Participação do Município (FPM). Essas pessoas aí que assassinaram cobardemente os dois são ribeirinhas, gente que vive no limite de ter acesso a melhores condições de vida, vive da pesca”, acrescentou Hamilton Mourão. As mortes terão sido “quase que uma emboscada” e, diz, podem ter-se seguido a um episódio de “embriaguez” dos autores.

Na minha avaliação, deve ter ocorrido no domingo. Domingo, sábado, essa turma bebe, se embriaga. Mesma coisa que acontece aqui na periferia das grandes cidades. Aqui em Brasília, a gente sabe, todo final de semana tem gente que é morta a facada, tiro, das maneiras mais cobardes. Normalmente, é fruto de quê? Da bebida. Então, a mesma coisa deve ter acontecido lá”, defendeu, citado pela imprensa brasileira.

Os corpos dos dois homens foram encontrados na semana passada, depois de Amarildo da Costa de Oliveira, um dos suspeitos do homicídio, ter levado a polícia ao local em que foram enterrados. O irmão, Oseney, e Jefferson Lima da Silva também foram detidos. Outras cinco pessoas estão a ser procuradas pelas autoridades.

Suspeito confessa homícidio de Dom Phillips e Bruno Araújo que desapareceram na Amazónia