Primeiro, o teste positivo à Covid-19 de Marin Cilic que abriu vaga ao lucky loser português Nuno Borges. Depois, a especulação em torno da situação de Novak Djokovic, que continua a recusar vacinar-se contra o novo coronavírus e que estivera a treinar com o jogador croata na véspera. A seguir, mais um caso e de um dos potenciais favoritos ao triunfo do quadro masculino, Matteo Berrettini, finalista vencido na edição de 2021. Aquilo que há muito não era assunto voltou a ser. E uma declaração multiplicou o tema.

O torneio de Wimbledon teve nuances em relação a outros Majors, nomeadamente a decisão de proibir a participação de jogadores russos e bielorrussos devido à guerra na Ucrânia acompanhada pela exclusão de pontos nesta edição para que todos ficassem ao mesmo nível no plano desportivo, mas aplica as mesmas regras que existem a nível de protocolo sanitário no circuito ATP. Ou seja, se um jogador testar positivo está automaticamente fora de prova até pelo período de isolamento que tem de fazer mas, ao contrário do que já aconteceu, só o próprio fica excluído, não se aplicando o mesmo a contactos de risco.

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Até aqui, tudo certo. E, depois dos dois casos a envolver antigos finalistas da prova, a organização referiu que iria rever os protocolos para que o resto do torneio decorrer com a maior normalidade possível. No entanto, uma declaração da francesa Alizé Cornet ao jornal L’Équipe em plena edição de Wimbledon e olhando para o que se passou no último Grand Slam caiu como uma bomba no mundo do ténis.

“Em Roland Garros houve um surto de Covid-19 e ninguém disse nada. Nos balneários, muita gente tinha e ninguém disse nada. Quando a verdade vier à luz e se descubra que jogadores importantes tiveram vai provocar um incêndio…”, começou por referir a gaulesa de 32 anos à publicação. “Quando vimos que a [Barbora] Krejcikova desistiu porque tinha Covid-19, os balneários tinham muita gente doente. Até certo ponto, até podíamos estar todos com uma gripe. A questão é que tivemos os três sintomas, como a garganta irritada, jogámos na mesma e correu tudo bem, foi tudo bem”, prosseguiu Alizé Cornet, que na primeira ronda desta edição venceu a cazaque Yulia Putintseva em dois sets por 6-3 e 7-6 (5).

“Sim, acho que em Roland Garros houve mais alguns casos e foi feito quase um acordo tácito entre nós. Não íamos fazer autotestes para nos colocarmos em problemas. Além disso, vi jogadoras a usarem máscaras, talvez porque sabiam [que podiam ter] e não queriam passar. Também existe sempre esse espírito cívico. Vai sempre haver tenistas que se retiram porque estão doentes. Não quero com isto menorizar os efeitos da Covid-19 mas há torneios em que muitos jogadores sofrem intoxicações alimentares pela comida mas não vamos fazer um protocolo. Já levamos muito tempo de Covid-19, há vacinas… Se voltarmos a como estávamos há uns meses vou deixar de jogar torneios”, destacou ainda, citada pelo jornal Marca.

Mais tarde, Alizé Cornet veio aligeirar o impacto das declarações através de uma declaração nas redes sociais onde focou o principal ponto das suas palavras: “normalizar” a relação com o nosso coronavírus. “Gostaria de esclarecer uma coisa: eu disse que ‘suspeitava’ de alguns casos de Covid-19 durante Roland Garros mas sem ter nenhuma prova. Foi algo que disse acima de tudo para enfatizar que o vírus agora faz parte das nossas vidas e que tínhamos de lidar com isso”, salientou na sua página do Twitter.