Paulo Mota Pinto vai deixar a liderança da bancada parlamentar do PSD. O anúncio será feito esta tarde pelo próprio e marca o fim de ciclo do social-democrata à frente do grupo de deputados menos de dois meses depois de ter sido eleito por uns expressivos 92%.

Na altura, a eleição de Mota Pinto foi interpretada como um sinal de coesão do rioísmo e uma última demonstração de força dos indefetíveis de Rui Rio. Daí para cá, Luís Montenegro e Mota Pinto conversaram algumas vezes, mas o novo líder do PSD nunca se comprometeu com a continuidade do ainda presidente da Mesa do Congresso social-democrata.

Os dois terão chegado à acordo e decidiram dar por terminado o mandato, sabe o Observador. O anúncio de Mota Pinto surge a poucas horas do arranque do congresso que vai entronizar Luís Montenegro como novo presidente do partido – os sociais-democratas reúnem-se esta sexta-feira até domingo, no Pavilhão Rosa Mota, na cidade do Porto.

Na hora da despedida, Mota Pinto confirmou isso mesmo, que a decisão tinha partido de Montenegro.”Estava disponível, como sempre disse, para exercer o mandato e para colaborar, para me articular, com a direção do partido. Fui informado pelo presidente eleito do partido, Luís Montenegro, que pretende mudar a direção do grupo parlamentar e, para isso, que sejam realizadas novas eleições. Não está verificada a segunda condição que indiquei. Eu acedi a essa solicitação. Também me pediu que comunicasse isso antes do Congresso, o que faço hoje”, assegurou.

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Rioísmo dá sinal de coesão para próximo líder ver. Mota Pinto eleito por 92% dos votos

Os possíveis sucessores

Montenegro terá então de encontrar um sucessor da sua confiança para ficar à frente da bancada parlamentar. Neste momento, existem três nomes a liderarem a casa de apostas: Joaquim Miranda Sarmento, Ricardo Bapista Leite e Alexandre Poço.

Joaquim Miranda Sarmento também veio para a primeira linha do combate político pela mão do ainda líder do PSD, tornando-se o “Centeno de Rio”. Nas últimas eleições diretas, já com Rio formalmente fora de jogo, Miranda Sarmento aproximou-se de Montenegro e ajudou a coordenar o cenário macroeconómico com o antigo líder parlamentar foi a votos.

Baptista Leite ganhou notoriedade durante o consulado de Rui Rio, tornando-se a voz do partido durante a crise sanitária. A 17 de junho, em entrevista ao Observador, no programa “Vichyssoise”, o deputado e médico infecciologista deixou tudo em aberto, mas não negou que estaria pronto a abraçar o desafio caso ele surgisse. “Sou vice-presidente da bancada parlamentar, estarei nestas funções ou noutras quaisquer na medida daquilo que Luís Montenegro entender”, disse.

Estes dois teriam a vantagem de ter alguma afinidade com o universo rioísta – ao qual pertecem a grande maioria dos deputados eleitos, escolhidos a dedo por Rui Rio. Em contrapartida, tendo Mota Pinto sido eleito por um número tão expressivo de votos, qualquer qualquer personalidade próxima de Rio que venha a ser eleita para o suceder pode provocar alguns anticorpos no grupo de deputados.

Ora, nesta lógica, a escolha de Alexandre Poço, líder da JSD, poderia resolver a questão, uma vez que o deputado mais jovens do partido não tem qualquer ligação ao rioísmo – aliás, sempre mereceu alguma desconfiança por parte do ainda presidente do PSD.

Além disso, se a escolha recair em Alexandre Poço seria sempre encarada com uma decisão disruptiva e um virar de página no partido. Em contrapartida, o líder da JSD não tem ainda o reconhecimento, a notoriedade e a experiência de Joaquim Miranda Sarmento e de Ricardo Baptista Leite.

Os homens do presidente Montenegro. Quem são e que lugares vão ocupar?