O empresário madeirense Joe Berardo é suspeito de ter ocultado bens dos credores, uma linha de investigação que está a ser seguida pelo Ministério Público e a Polícia Judiciária (PJ) no inquérito aos créditos ruinosos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) a grandes devedores, como Berardo. Esse foco da investigação consta no relatório sobre o Combate à Fraude e Evasão Fiscais e Aduaneiras de 2021, da Autoridade Tributária (AT), divulgado na semana passada, segundo o Correio da Manhã.
No documento, o Fisco não identifica Berardo, mas algumas informações permitem perceber a quem se refere. Escreve a AT que, em 2021, durante a Operação Caixa, “foi efetuada a detenção de dois indivíduos do sexo masculino de 76 e 55 anos”. No ano passado, Berardo e o advogado André Luiz Gomes foram detidos pela PJ no âmbito do inquérito à Caixa.
“Atualmente, este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de euros à CGD, ao NB [Novo Banco] e ao BCP, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património”, escreve. Já em 2021, um comunicado da PJ falava na identificação de “atos passíveis” de “dissipação de património”.
O relatório do Fisco indica ainda que os créditos concedidos a vários clientes pela CGD à revelia de normas internas “contribuíram de forma direta para os prejuízos da CGD”. Esses financiamentos “forçaram o único acionista Estado a uma primeira recapitalização [da CGD] no valor de 1.650 milhões de euros, em 2012, e uma segunda recapitalização, em 2017, no valor de 3.900 milhões de euros”.
Joe Berardo fica livre da maior parte das medidas de coação. Caução de cinco milhões mantém-se