Sentado na cadeira de um gabinete com a nova camisola branca de treino do FC Porto, o prémio de Melhor Treinador do Ano da Primeira Liga 2021/22 ao lado, uma TV que tinha plasmado uma imagem de todo o plantel azul e branco que conquistou a dobradinha na última temporada com o escudo a assinalar aquele que foi o 30.º Campeonato do clube e outro com a frase “40 anos a celebrar” que funcionou como mote para assinalar as quatro décadas de presidência de Pinto da Costa. Sérgio Conceição não marcou presença na cerimónia que marcou o arranque da nova época na Alfândega do Porto mas nem por isso deixou de falar na altura de receber o galardão, recordando o caminho feito com um lamento à mistura.

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“Primeiro queria cumprimentar todos os presentes e todas as pessoas que estão a assistir em casa a esta gala. Depois, quero cumprimentar todos os meus colegas que fizeram parte deste Campeonato e que mensalmente foram também distinguidos. Estou aqui eu para receber o prémio mas podiam estar 60 pessoas que trabalham diariamente no Olival que permitiram conquistar este Campeonato tão saboroso e apetecível”, começou por dizer após ganhar a “corrida” a Rúben Amorim e Ricardo Soares.

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“Se me lembro de quando percebi que íamos ganhar? Lembro, percebi que íamos conquistar o Campeonato na penúltima jornada, contra o Benfica… [risos]. Houve momentos na época bastante importantes, principalmente o jogo fora com o Estoril. O Sporting perdeu com o Santa Clara e nós jogamos no Estoril, onde estivemos a perder por 2-0 ao intervalo mas marcámos três golos na segunda parte e ganhámos. Conheço a forma determinada e ambiciosa como os meus jogadores trabalham e isso jogo foi a confirmação disso, mas também perceber que iríamos ter muitos desafios pela frente”, recordou.

“Tínhamos o mês de janeiro e o mercado a aproximar, e não podemos esquecer que nessa altura saíram três jogadores importantíssimos, que foram só os últimos melhores jogadores da nossa Liga, concretamente o Corona, o Sérgio Oliveira e o Luis Díaz. No fundo, permitiu à equipa continuar a ganhar de uma forma consistente e convincente. É um trabalho principalmente dos jogadores e de todas as pessoas que trabalham com esta equipa técnica, composta por gente muito competente e que dá diariamente o seu melhor”, prosseguiu, antes de deixar o tal lamento que acaba por ser transversal ao futebol português.

“Ganhar dá-me sempre prazer e todos os títulos são diferentes. O primeiro foi muito importante por tudo aquilo que o FC Porto vivia naquele momento, não só a nível desportivo, mas também pelas dificuldades financeiras, que continua a ter. Infelizmente os clubes portugueses vivem numa situação que não permite manter os jogadores mais importantes várias épocas seguidas. Em Portugal vamos tendo excelentes equipas técnicas e a nível de formação vamos tendo muitos jovens com talento, depois falta-nos essa capacidade para segurar os nossos melhores jogadores para sermos mais competitivos na Europa. O primeiro ano é importante mas todos os títulos são sempre importantes na vida de qualquer treinador”, lamentou o técnicos dos azuis e brancos, que deixou ainda conselhos para os mais novos e para os jogadores que possam ou não enveredar por uma carreira de técnico como o próprio Sérgio Conceição.

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“Cada um tem de seguir a sua paixão e a sua vocação, porque nem todos os ex-jogadores podem ser treinadores ou dirigentes. O trabalho e a paixão são a base de tudo neste mercado cada vez mais competitivo a todos os níveis. Gostava de ter muitos ex-jogadores ao meu lado mas obviamente que é assim, os ex-jogadores que tiverem competência são bem-vindos, caso não tenham competência, têm de optar por outra vida. É mesmo assim, a vida está cada vez mais competitiva”, concluiu o técnico.