Muitas cornetas, palmas e assobios de apoio, fumos laranjas e brancos com fartura como se fosse um jogo de futebol (ou à frente disso, tendo em conta o número de bancadas pelas quais se estendiam todas essas manifestações), polémica à mesma dimensão devido aos relatos nas redes sociais que se foram sucedendo por parte de mulheres que marcaram presença no traçado de Spielberg. A onda de adeptos de Verstappen voltou a dar uma prova de devoção pelo neerlandês no Grande Prémio da Áustria mas a organização da Fórmula 1 não perdoou todos os excessos revelados, ameaçando mesmo os promotores da prova.

Mais uma corrida sprint, mais uma vitória: Verstappen confirma o favoritismo e tem pole-position na Áustria

“Fomos informados de que fãs foram submetidos a manifestações completamente inaceitáveis no Grande Prémio da Áustria. Encaramos estes assuntos com a máxima seriedade, já levámos este assunto até ao promotor e à segurança do evento e vamos falar com quem está a reportar todos os incidentes. Este tipo de comportamento é inaceitável e não será tolerado”, escreveu a Fórmula 1 em comunicado, falando não só dos relatos de assédio sexual (uma adepta revelou mesmo “medo” de ir às bancadas ou à casa de banho, outra questionou se os adeptos nunca tinham visto antes uma mulher) mas também das manifestações racistas feitas na sexta-feira quando Lewis Hamilton tinha saído de pista na curva 7. “A Armada Laranja”, tantas vezes elogiada pela presença em massa nos circuitos, estava em ponto de mira.

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Ainda antes do arranque, essas manifestações neste caso de apoio voltaram a ser sentidas, com enormes nuvens de fumo laranja e branco ainda na volta de aquecimento que tinha o campeão mundial a partir da primeira posição depois da vitória na corrida sprint da véspera à frente dos Ferrari. E o próprio desenho do traçado “ajudava” o neerlandês, que confirmou esse favoritismo teórico para chegar na frente à primeira curva para gáudio da legião de adeptos. No entanto, nem tudo eram boas notícias para a Red Bull, que viu Sergio Pérez sair de pista após um toque no pneu de George Russell, voltar mas acabar por desistir.

O mexicano estava fora, o neerlandês continuava dentro mas não tão dentro e na frente como se pensava: ao contrário do que era prognosticado pelas indicações deixadas pela qualificação e pela corrida sprint, o campeão mundial não conseguiu cavar a vantagem esperada nas voltas iniciais, andou com diferenças que permitiam uso de DRS e foi mesmo ultrapassado na 12.ª volta por Leclerc, numa grande manobra em curva que permitiu ao monegasco confirmar o bom ritmo com a liderança da prova tendo logo atrás de si Carlos Sainz e mais afastado um comboio com Russell, Ocon, Hamilton e os dois Haas. Russell, que teve de parar nas boxes para uma penalização de cinco segundos pelo acidente que teve logo a abrir com Sergio Pérez, quase que podia hipotecar aquilo que seria mais um top 5 após o abandono em Silverstone.

Max Verstappen tentou mudar a história saindo de imediato para as boxes para a primeira troca de pneus, voltou a lugares de pódio na 18.ª volta após superar Lewis Hamilton mas não teve sequer reação quando os dois Ferrari vieram de novo para a pista após passarem pelas boxes, regressando para a segunda e última troca de pneus à 37.ª volta quando Leclerc já tinha novamente assumido a liderança. Quando se estava habituado a olhar para a frente e para os Ferrari, a Red Bull dizia a Verstappen para ter cuidado com Lewis Hamilton, britânico que ocupava a quarta posição mas estava melhor do que o neerlandês.

Só mesmo a 21 voltas do final Leclerc saiu da liderança, fazendo mais uma paragem para trocar de pneus e voltando atrás de Carlos Sainz e Max Verstappen antes de também o espanhol parar nas boxes. Estava dado o mote para aquilo que seria o desfecho da corrida, com os Ferrari de pneus novos para poderem atacar o neerlandês e fazerem uma dobradinha depois do brilharete de Sainz em Silverstone. E um mote que durou pouco a alterar posições: em mais uma manobra fantástica na contra curva, Leclerc foi buscar tração onde Verstappen não tinha e voltou à liderança da corrida. Sainz seria o próximo mas abandonou.

Na 58.ª de 71 voltas, e quando estava cada vez mais perto do neerlandês, o espanhol sentiu que o carro estava a dar problemas, começou a ver o fumo a sair, levou o carro para uma escapatória para tentar não estragar a corrida de Leclerc e viu o monolugar começar a arder quando estava ainda a tentar travar o carro que estava numa descida. Houve safety car virtual, que permitiu ao monegasco ir trocar de pneus mantendo-se na frente, Hamilton subiu à terceira posição mas era no desalento de Sainz que se focavam as atenções, com a equipa transalpina de mãos na cabeça perante aquela que podia ser a segunda dobradinha da época depois do 1-2 no Bahrain. Leclerc continuava em pânico pelos problemas no pedal do acelerador, que de quando em vez prendia, dificultava a travagem e não voltava totalmente para cima, a diferença de Max Verstappen era cada vez menor mas a vitória acabou mesmo por surgir com muito stress à mistura.

Com estes resultados, Leclerc subiu à segunda posição do Mundial com 170 pontos, menos 38 do que o campeão mundial e líder Max Verstappen (208). Sergio Pérez desceu para o terceiro posto com 151 e Sainz manteve o quarto posto com 133, agora com apenas mais cinco do que George Russel que acabou em quarto uma corrida que parecia estragada com a penalização. Lewis Hamilton, que chegou ao terceiro pódio seguido na Áustria após Canadá e Grã-Bretanha, está no sexto lugar com 109 pontos. Nota ainda para a sexta posição de Mick Schumacher na corrida, a melhor na Fórmula 1 após pontuar pela primeira vez na carreira em Silverstone onde acabou a lutar palmo a palmo com Verstappen pelo sétimo lugar.