– Demoraste cinco anos a dizer alguma coisa boa sobre mim…
– Mas defendi-te quando tu mais precisavas…
– Isso é verdade, fizeste isso e agradeço-te pela atitude.

– Agora somos amigos?
– Se me estás a convidar para um copo ou para jantar, aceito. O vencedor de amanhã [hoje] paga.
– Está combinado então, vamos para a noite e vamos ficar loucos!

A final dos vilões consagrou um ex-herói: Djokovic vence Kyrgios, reconquista Wimbledon e fica a um Grand Slam de Nadal

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Primeiro, Novak Djokovic e Nick Kyrgios tiveram um diálogo mais “quente” após o treino que antecedeu a final de Wimbledon, onde estavam separados por cerca de dez metros. Depois, voltaram a falar mas nas redes sociais, consolidando aquilo que mais parecia uma nova amizade improvável depois de vários anos de críticas e “farpas” entre ambos. Após o jogo decisivo, não tiveram palavras para tantos elogios mútuos.

“Nunca pensei que ia falar bem de ti mas tenho a certeza que vais voltar a uma final do Grand Slam. Agor já é oficial que temos um romance. É o início de uma bonita relação de amizade. Tens um dos melhores serviços do circuito porque é muito difícil de ler”, comentou o sérvio após a conquista do sétimo troféu em Wimbledon, 21.º da carreira. “Jantar ou copos? Acho que ele perdeu para ser eu a pagar… Irmos a uma discoteca? Não respondi a isso porque tinha a minha mulher ao lado, vamos começar por um jantar”, disse depois a propósito da aposta virtual que fizeram na antecâmara da final. Tudo entre novos amigos.

Apesar da derrota na primeira final de um Major na carreira, o australiano recebeu mais de um milhão de euros de prémios, o que ajudou a pagar os quase 17.000 euros acumulados em multas ao longo das duas semanas na relva britânica (da final foram 2.900, por “linguagem obscena”). No entanto, e apesar desse feito, os holofotes centraram-se todos no antigo número 1 mundial, que festejou como se tivesse ganho pela primeira vez Wimbledon: chorou com a toalha na cara, foi cumprimentar mulher, filha, técnicos e família, esteve em alegres gargalhadas com os duques de Cambridge, reuniu-se com a equipa equipa após já ter ido à varanda celebrar com milhares de fãs num ano em que não teve tanto apoio como é habitual apesar das cerca de 100 pessoas sérvias que gritaram o seu nome com as bandeiras do país.

Mais do que uma vitória, Novak Djokovic chegou à sua redenção depois de tudo o que passou em 2022, na sequência de um ano em que só não ganhou o US Open (perdeu na final com Daniil Medvedev). E mais do que sorrisos e lágrimas de emoção, havia quase um sentimento de alívio por parte do balcânico.

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“O ano começou como começou e tudo isso afetou-me muito. Em termos mentais e emocionais, não estava bem. Não foi fácil fechar esse episódio, gerou uma grande turbulência em mim. Mas só precisa de tempo para poder despejar de mim a tormenta. Vim para aqui depois de uma derrota dura contra o Nadal [nos quartos de Roland Garros] e foi tudo complicado mas o meu ténis esteve sempre cá. Sei bem quais são as minhas qualidade e qual é o meu ténis. Como sempre disse também, Wimbledon inspira-me muito”, disse o sérvio depois do triunfo que fez com que passasse a ter mais vitórias na relva do Major britânico (86) do que em Roland Garros (85), na Austrália (82) ou no US Open (81). Em paralelo, e com o sétimo título em Londres que igualou Pete Sampras, só Martina Navratilova, Roger Federer e Serena Williams têm mais, naquele que foi mais um dado estatístico que saiu do triunfo de Djokovic este domingo.

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No entanto, e após ter ficado de novo a um Grand Slam do recordista Nadal, o sérvio admitiu que a única possibilidade que tem em defender os pontos de finalista e aspirar a igualar os Majors do espanhol passa por uma alteração nas atuais leis que imperam em Nova Iorque a propósito da Covid-19. “Não me vacinei e também não planeio vacinar-me. Pedir uma extensão também não creio que seja uma opção. Agora estou de férias. Jogue ou não, preciso pelo menos de um par de semanas para mim porque este período foi particularmente cansativo”, comentou sobre a possibilidade de lutar pelo último Major do ano. “Não tenho pressa para continuar a ganhar, só quero manter-me bem para ter as opções em aberto para o futuro. Não vou jogar torneios só por jogar para ganhar pontos”, assegurou o jogador que, perante a inexistência de pontos em disputa em Wimbledon, vai sofrer uma nova queda no ranking ATP de terceiro para sétimo.