Um apoiante do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e outro do ex-Presidente Lula da Silva envolveram-se num tiroteio na cidade de Foz do Iguaçu, após uma discussão durante uma festa de aniversário, informaram as autoridades brasileiras.
O incidente ocorreu na noite de sábado, 9 de julho, quando um guarda prisional interrompeu a festa de aniversário e abriu fogo contra Marcelo Arruda, que era guarda municipal e um dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) em Foz do Iguaçu, segundo este movimento político.
Arruda, que acabou por morrer, foi atingido com três tiros. Ainda assim, conseguiu reagir e disparar sobre o seu agressor, que estará internado num hospital brasileiro.
Estariam cerca de 40 pessoas na celebração familiar, na sede da Associação Desportiva e de Saúde Física Itapiu, em Foz do Iguaçu, quando o desconhecido invadiu a festa e começou a gritar insultos contra Lula da Silva e a fazer ameaças.
Fontes policiais disseram que o guarda prisional federal, identificado como José da Rocha Guaranho, que invadiu a festa, disse ser apoiante de Bolsonaro, Presidente do Brasil.
Antes do desfecho trágico, Guaranho já se tinha deslocado ao local do crime, ameaçando todos os presentes “com uma arma na mão”, de acordo com um relato do Partido Trabalhista, de Lula da Silva. Mais tarde Guaranho regressou ao local da festa, tendo provocado o tiroteio que resultou na morte dos dois militantes políticos.
Este incidente ocorre a menos de 90 dias das eleições presidenciais, para as quais o principal favorito é Lula, com vantagem de entre 15 a 20 pontos sobre Bolsonaro, de acordo com a maioria das sondagens divulgadas.
Este acontecimento foi desvalorizado esta segunda-feira pelo Presidente e pelo vice-presidente do Brasil minimizaram.
“Vocês viram o que aconteceu ontem [domingo], né? Uma briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu. ‘Bolsonarista não sei o quê lá'”, disse o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, para um grupo de apoiantes à porta do Palácio da Alvorada, em Brasília.
“Agora, ninguém fala que o Adélio [Bispo] é filiado ao Psol [Partido Socialismo e Liberdade], né? A única ‘media’ que eu tenho é essa que está nas mãos de vocês aí”, acrescentou o Presidente brasileiro, referindo-se ao autor de uma facada que recebeu em 2018, durante a campanha presidencial, perpetrada por um ex-militante do Psol, força partidária de esquerda.
O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, também fez declarações minimizando o crime que aumentou o medo de violência política no Brasil menos de três meses antes da realização das eleições presidenciais, marcadas para outubro.
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“Olha, é um evento lamentável, né? Ocorre em todo final de semana, em todas as cidades do Brasil, de gente que provavelmente bebe e aí extravasa as coisas”, declarou Mourão.
“Não é preocupante. Não queira fazer exploração política disso daí. Vou repetir o que eu estou dizendo, e nós vamos fechar esse caixão (…) Para mim, é um evento desses lamentáveis, que ocorrem todo final de semana nas nossas cidades, de gente que briga e termina indo para o caminho de um matar o outro”, acrescentou o vice-presidente.
Inicialmente os ‘media’ locais informaram que o autor do crime e a vítima, que comemorava o seu aniversário com amigos numa festa privada, haviam morrido, mas depois a polícia confirmou que o atirador que causou o incidente está vivo num hospital.
A vítima, da liderança do PT em Foz do Iguaçu, comemorava 50 anos na companhia de amigos e familiares numa festa temática privada para a qual o atirador não havia sido convidado e que exaltava a figura do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
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A delegada responsável pelo caso, Iane Cardoso, afirmou numa entrevista no domingo que testemunhas que estavam no local declararam que o autor dos primeiros disparos lançou proclamações a favor de Bolsonaro, apoiado pela extrema-direita brasileira, ao chegar no local, ameaçou os presentes na festa e que tudo indica que se tratou de um “conflito político”.
As autoridades locais disseram, porém, esta segunda-feira que a motivação do crime ainda está sob investigação.