As datas são as mesmas, o cartaz mantém-se, os bilhetes continuam a ser válidos, mas a localização é diferente: o Super Bock Super Rock deixa a praia e regressa à cidade, trocando a Herdade do Cabeço da Flauta, junto à Lagoa de Albufeira, no concelho de Sesimbra, pelo Altice Arena, no Parque das Nações, em Lisboa, anunciou a Música no Coração, promotora do evento. Não é que quisesse: em causa está o estado de contingência declarado pelo governo no âmbito do elevado risco de incêndio.

O palco principal será dentro da Altice Arena, enquanto o palco EDP ficará na Sala Tejo. Quando acabarem os concertos deste palco [do EDP], entra o palco Somersby”, explica ao Observador fonte da Música no Coração, que acrescenta que no exterior estará o quarto palco, o LG.

A Música no Coração vai levar os meios necessários para a Altice Arena, aproveitando as estruturas já presentes naquela sala de espetáculos — antigo Pavilhão Atlântico que, em 2012 foi comprado por um consórcio da qual fez parte Luís Montez, diretor da promotora de eventos.

Num comunicado enviado ao final da tarde, a organização informou que está a ser preparado “campismo alternativo” em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa no Parque Tejo/Caminho das Andorinhas para os portadores do passe de três dias. “Todos os detalhes serão dados logo que possível.”

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A realocação do festival acontece na sequência de o Governo ter declarado estado de contingência, no âmbito do elevado risco de incêndio, que obriga agora à proibição da realização de quaisquer atividades em zona florestal. Espera-se que o estado de contingência seja levantado às 23h59 de sexta-feira, ainda que o Ministério da Administração Interna não descarte a hipótese de este se prolongar.

“A lei é cega” e o trabalho de três anos “vai todo para o lixo”, diz Luís Montez

Luís Montez, diretor da Música do Coração, que se reuniu com o governo para avaliar alternativas para a realização do festival, lamenta que este, nem com a “quantidade de bocas de incêndio, piquetes de bombeiros e viaturas” disponíveis no local, tivesse sido capaz de abrir uma exceção.

Mas, destaca, regras são regras: “Está numa área florestal e o decreto-lei é lei e não querem abrir nenhuma exceção, nem para o estacionamento, portanto fomos forçados a deslocar o festival para Lisboa”, disse, assegurando que já organizou festivais com muito mais calor.“A lei é cega e o trabalho de três anos — e desde março que estamos no terreno a trabalhar — vai todo para o lixo”.

Montez refere “um prejuízo enorme” para a sua empresa e para os comerciantes locais, mas diz que o caminho é “em frente” . “Tenho uma grande equipa e vamos montar já tudo na Altice Arena.”

Não se mostra surpreendido por o Estado não recompensar a promotora pelas perdas associadas à realização do festival. “Já estou habituado. Felizmente, tenho grandes patrocinadores que me acompanham há 7 anos.”

A 26.ª edição do Super Bock Super Rock regressava ao Meco — local que acolheu a edição anterior, em 2019 — esta quarta-feira, 13 de julho, data de abertura do campismo. Com a mudança de local, o festival arranca na quinta-feira, no Parque das Nações.