Sai muito mais barato copiar do que criar do zero, sobretudo sabendo de antemão que o produto original goza de boa aceitação junto dos consumidores. Parece ser este o raciocínio por detrás do imparável mercado que consiste em copiar automóveis apreciados noutros continentes. Curiosamente, a vítima mais recente deste negócio da China nem sequer tem o estatuto de automóvel: o pequeno Citroën Ami foi “clonado”.

A marca francesa inovou e surpreendeu na micromobilidade eléctrica com o Ami, um quadriciclo a bateria que alia às dimensões compactas uma autonomia capaz de satisfazer, no dia-a-dia, os que se deslocam maioritariamente em cidade. Com um alcance de 75 km entre recargas, uma estética patusca, lugar para dois e um preço que o coloca entre os microcarros mais acessíveis do mercado (desde 7750€), com a vantagem de oferecer baixos custos de utilização, o pequeno modelo gaulês conquistou rapidamente um lugar de destaque neste segmento. Prova disso é que, nos nove mercados europeus onde está disponível, já atraiu mais de 21.000 clientes desde o seu lançamento e, em Portugal, tem liderado as vendas na respectiva categoria desde o início do ano.

Citroën Ami é eléctrico e barato. Será uma boa aposta?

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Atentos ao que “sai bem”, os chineses de uma empresa de Shandong não tardaram muito a tirar partido de uma copiosa “inspiração” no Ami. O fabricante em causa é mais versado em scooters e trotinetas, mas tal não o impediu de fazer e de avançar para a comercialização da sua “interpretação” do quadriciclo eléctrico francês. E, tal como o original, a cópia esteve à venda online, através da plataforma chinesa de comércio electrónico Alibaba, sendo proposta por praticamente um terço do que é exigido pelo verdadeiro Ami – 2280 dólares, cerca de 2230€. A isso há que somar o custo do envio que, no limite, foi tabelado em 1650 dólares (1613€). Feitas as contas, na pior das hipóteses, a cópia implica o desembolso de 3843€, menos de metade do autêntico Ami. Uma pechincha que não tardou em desaparecer, não existindo de momento mais unidades disponíveis.

O “amigo” dos chineses de Shandong nem sequer mereceu designação comercial. Sem nome e sem qualquer cuidado na realização do vídeo promocional, terá no preço e na possibilidade de transportar mais dois ocupantes os seus melhores atributos. As semelhanças estéticas ficam-se pelo exterior, com o interior a parecer bem mais austero, aparentemente distante do ambiente cool do Ami. De resto, o Citroën tem uma bateria de iões de lítio, enquanto o clone opta por um acumulador de chumbo de 6 kWh, que demora entre 6 e 8 horas a recarregar, quando o original se “despacha” em 3 horas. Quanto à potência, esqueça os 6 kW do Ami, o equivalente a cerca de 8,2 cv. Os chineses são mais comedidos e não vão além dos 2 kW (2,7 cv), prometendo uma autonomia entre 80 e 100 km. Nunca excedendo, claro, uns inebriantes 45 km/h.