O Centro Comercial do Bonfim, em Setúbal, um dos primeiros do país, vai fechar as portas definitivamente no sábado, por acordo entre os proprietários e inquilinos, revelou esta quarta-feira um dos sete comerciantes que ainda permanecem no espaço.
Segundo António Gorrão, proprietário de uma tabacaria no Centro Comercial do Bonfim, o encerramento surge na sequência de um acordo entre as partes, após uma providência cautelar em que o Tribunal de Setúbal deu razão aos comerciantes, no passado mês de abril, responsabilizando os proprietários pelo bom funcionamento daquele espaço comercial.
António Gorrão salientou que os comerciantes só decidiram avançar com a providência cautelar para tentarem manter o Centro Comercial do Bonfim em funcionamento, depois de terem sido notificados, em dezembro do ano passado, para desocuparem as lojas no prazo de 30 dias.
“Na sequência da decisão do tribunal sobre a providência cautelar, a nossa possibilidade era avançarmos agora com um processo de indemnizações e custas, etc., mas a perspetiva de um processo em tribunal, em termos temporais, é de três a cinco anos, fora o dinheiro que teríamos de gastar, a chatice, a incerteza e a dúvida”, disse.
Face às circunstâncias, conseguimos chegar à fala com os proprietários e a um acordo. E, como diz aquele velho ditado dos advogados, mais vale um mau acordo de que uma boa contenda. Foi exatamente isso que nós fizemos. Digamos que foi um mal menor, porque não é um bom acordo em termos de indemnizações, mas é uma ajuda para os comerciantes continuarem com as suas vidas. E as pessoas querem continuar a trabalhar”, acrescentou, lembrando que alguns comerciantes já abriram outras lojas em Setúbal.
António Gorrão acredita, no entanto, que o Centro Comercial do Bonfim “tinha todas as condições para continuar a funcionar“, desde que fosse “requalificado e adaptado às novas necessidades do comércio atual, dado que se trata de um espaço amplo e muito bem localizado”.
Sobre o futuro do Centro Comercial do Bonfim, que foi inaugurado há cerca de 50 anos, em finais da década de 70 do século passado, António Gorrão diz que apenas sabe da intenção dos proprietários de procederem à venda do imóvel.
“Penso que a utilização futura do Centro Comercial do Bonfim estará nas mãos dos futuros proprietários”, concluiu.