O primeiro-ministro defendeu esta sexta-feira que as cidades têm de se habituar num curto espaço de tempo a viver sem automóvel, defendendo que não basta a intervenção nas ligações interurbanas, sendo necessário olhar para os sistemas urbanos e periurbanos.
As cidades levaram desde o pós-guerra 50 anos a adaptarem-se para acomodar o corpo estranho que era o automóvel. Agora, temos muito menos tempo para nos habituarmos a viver sem esse corpo estranho que foi o automóvel”, afirmou António Costa, que falava em Coimbra, na cerimónia de consignação da empreitada de construção da Linha do Hospital do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), que decorreu no edifício da Câmara Municipal.
Para assegurar a sobrevivência da humanidade, “o melhor a fazer é estacionar o automóvel”, vincou, defendendo que o país se concentre em “encontrar um novo sistema de mobilidade”.
Durante a sua intervenção, o primeiro-ministro realçou que a consignação hoje celebrada representa uma “das últimas paragens” para que o SMM, projeto longo e com vários recuos que vai ligar Serpins (Lousã) a Coimbra, possa estar “completamente concluído e em pleno funcionamento” em 2024.
Já faltou muito mais, mas ainda não chegámos lá. E é muito importante chegarmos lá. Não é só as ligações interurbanas que se têm de resolver. Não é só a Ferrovia2020 que se tem de fazer. É a necessidade também de nos sistemas periurbanos, dentro das cidades, resolver-se o problema da mobilidade”, vincou António Costa.
Durante a sua intervenção, o primeiro-ministro chamou ainda a atenção para outra variável fundamental no combate às alterações climáticas — a energia.
No discurso, reiterou a necessidade de Portugal ir além dos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris e a ambição de chegar a 2025 com o país a produzir 80% da sua eletricidade a partir de energia de origem renovável.
Com a aposta em energia de gases renováveis, como o hidrogénio verde, António Costa reafirmou a “expectativa realista” de o país passar a ser exportador de energia.
Também presente na cerimónia, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, abordando o SMM, considerou que hoje é um “dia histórico, num processo que levou décadas”.
É fazer justiça a uma promessa que não tinha ainda sido cumprida”, disse.
O SMM “consiste na implementação de um ‘metrobus’, utilizando veículos elétricos a baterias que irão operar no antigo ramal ferroviário da Lousã e na área urbana de Coimbra”, ligando esta cidade a Serpins, no concelho da Lousã, com passagem em Miranda do Corvo, numa extensão de 42 quilómetros.