O presidente do grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, lamentou esta terça-feira que se fale de aumento dos salários e trabalhar quatro dias por semana, mas que “ninguém fale do mérito” e da “produtividade”.
O responsável falava no painel empresas, no âmbito do Encontro Fora da Caixa “Os desafios da Economia e a Importância do Emprego”, iniciativa da CGD, que decorre na Escola Náutica Infante D. Henrique, em Oeiras.
“Fico preocupado quando oiço alguém a falar em trabalhar quatro dias por semana, em aumentar salários, e ninguém fala do mérito, ninguém fala da produtividade”, lamentou Jorge Rebelo de Almeida.
Se eu, na minha empresa, subisse generalizadamente [o salário] sem critério nenhum, apenas aumentar por aumentar, eu não só não melhoro nada – só melhoro um bocadinho pela injeção de mais dinheiro na economia, mas fora isso não melhoro nada -, fico na mesma ou talvez pior, porque vou gerar um sentimento de desconforto para os que trabalham mais” se essas pessoas não forem premiadas.
O presidente da Vila Galé defendeu como “fundamental” a “diferenciação, o mérito, o empenho, tudo isto tem de ser premiado”.
Para o responsável do grupo o tema do aumento do salário “não é para ser tratado como é tratado”.
A nossa grande dificuldade hoje em Portugal é, apesar de termos uma maioria absoluta, apesar de haver condições como nunca houve, até destes apoios internacionais para fazermos algumas modificações no país sem as quais não vamos a lado nenhum, não fazemos nada, estamos numa apatia generalizada e tratamos os problemas de uma forma desgarrada”, lamentou.
Apontou como “desígnio extraordinário” que “parece que ninguém liga” o de “globalmente melhorar a qualidade de vida das pessoas”, que deveria mobilizar “a todos”.
Sobre a precariedade no trabalho, referiu que o grupo emprega mais de 4.000 pessoas e que o grande problema dos jovens não é precariedade, mas sim a habitação.
“Ninguém procria – não é por falta de vontade de procriar, penso eu, há é menos condições para fazer filhos porque está tudo difícil”, disse, apontando a questão da habitação, o preço dos infantários ou custo da saúde.
Em suma, “salários mais elevados? Claro que sim”, afirmou, apontando que é preciso resolver o problema da habitação.