Enquanto a Fórmula 1 e a Fórmula E continuam os seus Mundiais, o MotoGP começa a entrar na última fase para o regresso, marcado para o primeiro fim de semana de agosto no mítico traçado de Silverstone. E, ao contrário do que inicialmente se poderia pensar, sem grandes novidades a nível de mercado e de como estará o paddock na próxima temporada. Ou melhor, já existiram algumas confirmações como a de Álex Márquez na Gresini Racing ou a de Álex Rins na LCR Honda, mas falta agora a peça que vai desbloquear tudo o que resta ainda saber: Miguel Oliveira. E assim continua, apesar desta interrupção de um mês.
Ainda assim, as contas são relativamente fáceis de fazer: com a equipa da Gresini fechada, com a outra vaga da LCR Honda a pertencer sempre a um piloto japonês, com Joan Mir já comprometido com a equipa de fábrica da Honda, com a possibilidade de haver uma qualquer surpresa nos outros conjuntos colocada de parte, sobram apenas dois cenários para o piloto português. Um é o da continuidade, descendo de novo à Tech3 com um salário melhorado mas ficando na KTM que terá Jack Miller em parelha com Brad Binder na equipa de fábrica; outro é o da mudança, surgindo como figura central da nova RNF Aprilia, a formação satélite da Aprilia que se vai estrear em 2023 depois do anúncio do fim do acordo com a Yamaha.
Apesar das muitas notícias que começaram na imprensa italiana e foram depois para a espanhola que davam conta de um alegado acordo já existente entre o piloto português e a marca transalpina, Oliveira foi sempre recusando qualquer cenário definitivo, nunca fechando nem abrindo qualquer porta. Ainda assim, uma entrevista de Hervé Poncharal, dono da equipa francesa da Tech3 e elemento próximo do português nos dois anos em que esteve no conjunto onde conseguiu as duas primeiras vitórias no MotoGP, acabou praticamente por ditar aquele que deverá ser o cenário em 2023 – e que não passa pela KTM.
“Não posso falar pelo Miguel mas ele acredita que é melhor do que o Jack [Miller]. E isso é normal. Ele tem de pensar assim ‘Se a KTM coloca o Jack acima de mim, então quer dizer que perderam a confiança em mim’. Essa deve ser a linha de pensamento que ele tem e entendo a sua atitude. Ele pensou na oferta da KTM por uns dois dias. Mas, quando estávamos na grelha, o pai dele informou o Pit Beirer que podiam deixar de contar com ele. Adorava ter o Miguel na equipa mas tenho de aceitar a sua decisão”, assumiu o responsável, semanas depois de Beirer, patrão da KTM, manter todos os cenários em aberto.
Oficial, nada. No entanto, o piloto português que passou os últimos oito anos na KTM não esquece também os seu inícios no mundo do motociclismo e, num vídeo feito e partilhado pela organização do MotoGP, teve uma escolha surpreendente em relação à melhor moto que já tinha conduzido após ter apontado numa primeira instância a KTM RC16 que tem agora nas mãos. “As motos de motor a dois tempos eram incríveis. Era uma grande moto. Adorava voltar a conduzi-la novamente, depois de tantos anos”, apontou sobre a 125 RSA da… Aprilia, com que fez o Campeonato espanhol e o Europeu de 125cc (terceiro lugar).
A tough decision between his first and most recent! ????@_moliveira88 chooses his favourite bike! ????️#MotoGP pic.twitter.com/Bj5DvJj2d1
— MotoGP™???? (@MotoGP) July 27, 2022
Coincidência ou não, é a dúvida que sobra em relação a uma possível ligação que já existiu no passado, tendo em conta que a primeira equipa que teve numa da três principais categorias mundiais, a Andalucia Banca Civica, contava com motor Aprilia. Essa seria a última época dos 125cc, passando no ano seguinte de 2012 para a Estrella Galicia 0,0 com motor Honda já em Moto3 (onde alcançou já dois pódios) e para a Mahindra. De 2015 até agora, sempre na KTM, Miguel Oliveira foi vice-campeão de Moto3, vice-campeão de Moto 2 e alcançou quatro vitórias e seis pódios desde que chegou ao MotoGP em 2019.